Entrevista

Equipe do Observatório das Eleições apresenta resultado de pesquisa

Por: Rafael Serfaty

Equipe do Observatório das Eleições apresenta resultado de pesquisa

Professor Marcelo Alves: projeto foi pioneiro ao analisar a política digital (Foto: Weiler Finamore)

No dia 16 de novembro, às 15h, o resultado do monitoramento das eleições de 2022 será apresentado na sala 102-K. O estudo foi realizado pelo Observatório PUC-Rio de Mídias Digitais, que contou com colaboração de alunos de pós-graduação e de graduação. A pesquisa foi mencionada e serviu de fonte para diversos veículos de comunicação durante o processo eleitoral. Criado no início deste ano, o projeto do Observatório de Eleições é pioneiro e foi coordenado pelos professores Arthur Ituassu, Gustavo Robichez e Marcelo Alves, do Departamento de Comunicação. O projeto recebeu o apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD). O jornalista Guilherme Amado, colunista do portal Metrópoles, vai participar do encontro. O professor Marcelo Alves, do Departamento de Comunicação, comenta sobre o processo por trás do levantamento de dados, o trabalho desenvolvido com os estudantes que participaram da iniciativa e a importância do que foi descoberto ao final deste processo.

Nas eleições de 2022, os brasileiros estavam divididos entre dois candidatos, sofrendo o assédio constante de fake news nas redes sociais. Qual foi a principal proposta de vocês quando lançaram o Observatório PUC-Rio das Mídias Digitais?
Marcelo Alves:
A principal proposta quando lançamos o Observatório era criar uma atividade extracurricular em que pudéssemos desenvolver o conhecimento que há na universidade brasileira para oferecer um conjunto de informações, de inteligências de análise para a sociedade civil sobre alguns aspectos e dinâmicas da campanha eleitoral que tinham sido pouco explorados. O Observatório PUC-Rio das Mídias Digitais é um dos primeiros observatórios desenvolvidos em universidades brasileiras para produzir análises sobre o impulsionamento de propaganda política digital nas mídias sociais. Isto é algo extremamente recente, que foi aprovado pela legislação somente para a eleição de 2018, mas teve uma utilização muito pequena nesse ano. Tínhamos uma certa aposta no ano passado de que a eleição de 2022 seria a do impulsionamento político digital, e de fato foi o que ocorreu.

Estudantes de vários departamentos foram recrutados para participar do projeto e, durante cinco meses, estudaram fundamentos da democracia, história das campanhas e propagandas eleitorais, estratégias digitais. Quais foram os principais ganhos para a vida profissional dos jovens envolvidos no Observatório?
Marcelo:
As práticas, conhecimento, técnicas que conseguimos desenvolver no Observatório foram extremamente produtivas para os estudantes que participaram. Pensamos em dois momentos ao desenvolver a metodologia. O primeiro semestre, que durou entre março e julho, foi de oficinas de capacitação. Toda sexta-feira dávamos uma oficina de capacitação diferente, uma oficina de capacitação orientada à construção de um debate teórico, oficinas com foco em questões mais práticas, técnicas de desenvolvimento de análise e monitoramento de mídias sociais. No segundo semestre, os estudantes passaram a construir relatórios. Tínhamos um conjunto de temáticas, problemas e questões. Dividimos o grupo maior em pequenos eixos: o eixo presidencial, que dava conta do governo e do Senado; e outro que dava conta da disputa na Câmara Federal no Rio de Janeiro. Nós sugeríamos e pedíamos para os alunos trazerem tópicos para a construção de relatórios periódicos. Foi um ganho bem importante, mostramos toda uma área da disciplina do campo de estudos de mídia que muitos deles ainda não conheciam.

O que o grupo descobriu de mais importante nos anúncios em websites, bibliotecas de anúncios políticos do Facebook e do Google, Twitter, YouTube, WhatsApp, Telegram durante a campanha?
Marcelo:
Eu destacaria a dimensão que tomou o impulsionamento político. Tínhamos a aposta que seria algo central este ano, mas fomos surpreendidos pelo tamanho do investimento das candidaturas, nacionais, estaduais, na estratégia de impulsionamento digital. Certamente foram entre R$ 200 e R$ 300 milhões investidos nas técnicas de propaganda política eleitoral no digital. É um momento bastante significativo se considerarmos a campanha de 2018, que foi 10% desse valor ou até menos. O principal achado é a influência e o poder de impacto que o capital econômico teve na captura de atenção do público e do eleitorado na eleição deste ano.