Entre os dias 11 e 13 de novembro, haverá mais uma etapa dos Exercícios Espirituais para Jovens, destinados a pessoas entre 17 e 32 anos que desejam ter um contato mais próximo com Deus. Os organizadores do encontro, padre Paul Schweitzer, S.J., que é professor emérito do Departamento de Matemática, e Elaine Azevedo Maria, da Pastoral Universitária, explicam sobre o retiro, que ocorrerá em São Conrado e em Campo Grande. Eles contam que o acompanhamento espiritual e o silêncio fazem parte da experiência. Mais informações sobre os Exercícios Espirituais e inscrições na página goo.gl/jxPXdL.

Qual o objetivo dos Exercícios Espirituais para os Jovens?

Elaine Azevedo Maria: Os exercícios espirituais permitem o encontro com Deus e consigo mesmo, além da busca por um maior sentido na vida. É uma forma de oração criada por Santo Inácio de Loyola que é adaptada, com uma linguagem mais dinâmica e jovial. Ao participar dos exercícios, a pessoa passa por uma mudança de vida muito intensa.

Padre Paul Schweitzer: Temos cinco fins de semana para fazer essa experiência. No primeiro, procuramos desfazer a imagem falsa que muita gente tem de Deus. As pessoas, muitas vezes, o enxergam como alguém que quer punir, proibir as coisas, ao invés de um Pai criador, que ama as suas criaturas e quer o nosso bem. Procuramos transmitir essa imagem correta, pois muitos se afastam por causa dessa imagem falsa.

Elaine: A visão de um Deus carrasco é muito inerente ao ser humano. Tentamos, na primeira etapa, quebrar essa imagem, mostrando como Ele é amoroso e misericordioso. Na segunda parte, mostramos ao jovem como, mesmo com certas dificuldades, essa busca pode ser feita de uma maneira mais intensa. Isso envolve um cair em si, um olhar para as suas características.

Como é desconectar os jovens do mundo digital e cotidiano para conectá-los à religiosidade?

Elaine: Ao mesmo tempo em que está tudo muito elétrico com a internet e essa modernidade liquida, as pessoas têm sede de parar, de silenciar e de estar consigo mesmas. Muitas vezes, isso é uma necessidade não percebida. Eu comparo os exercícios espirituais com a psicanálise e a meditação, pois é uma forma de autoconhecimento diferenciada que passa por Deus.

Padre Paul: No início, é um pouco difícil parar, mas com o tempo se descobre uma realidade profunda que se torna gostosa e prazerosa.

Qual a origem da forma de oração dos exercícios espirituais e em que ela consiste?

Padre Paul: Inácio de Loyola foi da pequena nobreza de um país basco da Europa. Quando era jovem, estava em uma batalha defendendo Pamplona contra os franceses e foi gravemente ferido. Durante sua recuperação, os livros religiosos eram os únicos que ele tinha para ler e mudaram a forma como pensava a vida. A partir disso, ele sentiu necessidade de se tornar uma pessoa honrosa e passou a procurar
isso em Cristo. Santo Inácio saiu de casa após recuperar a saúde e viveu uma vida material pobre, com muito tempo de oração. Ao longo dos anos, cometeu muitos erros procurando fazer o bem e descobriu como Deus guia a nossa vida. Inácio utilizou essas etapas em uma experiência para que outras pessoas seguissem uma caminhada paralela à dele e descobrissem o sentido da vida e de Deus.

Elaine: Essa espiritualidade criada por Santo Inácio é manifestada nesses exercícios que estamos propondo. Eles são formas de rezar que, inclusive, são utilizadas pelo Papa Francisco. Qual a função do silêncio no retiro espiritual? Elaine: As pessoas acabam não escutando a Deus por estarem muito acostumadas a rezar e pedir. Nesses exercícios, aprende-se a dialogar com Ele. O silêncio é propício para a prática de escutar os propósitos de Cristo para a vida do fiel.

Padre Paul: É importante destacar o discernimento. Cada pessoa tem talentos, interesses e profissões diferentes porque Deus tem um plano para único para todos. Ser um bom cristão não é simplesmente obedecer uma série de regras, mas estar em harmonia com Cristo. Ele nos mostra como alcançar o nosso potencial.