IEAHu lança Edital para apoiar ações com populações vulneráveis na pandemia
Por: Carolina Smolentzov
25 de junho de 2021 as 06:30
Maíra Machado Martins
Com o objetivo de impulsionar projetos e ações interdisciplinares no âmbito das Ciências Humanas, o Instituto de Estudos Avançados em Humanidades (IEAHu) lança, pelo segundo ano consecutivo, o Edital para apoio à extensão universitária a partir do contexto de pandemia pelo novo coronavírus (Covid-19). A ideia é viabilizar projetos acadêmicos, artísticos, educacionais, sociopolíticos e científicos, que resultem em ações imediatas e concretas para contribuir em áreas e populações vulneráveis na pandemia. Podem se inscrever no Edital grupos formados por docentes, discentes, funcionários da PUC-Rio e pessoas da sociedade civil não vinculadas à Universidade, desde que o proponente esteja ligado à PUC-Rio. As propostas devem ser enviadas até 11 de julho de 2021. A Coordenadora do IEAHu, professora Maíra Machado Martins, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, explica os detalhes do edital deste ano. Para acessar o edital, clique aqui. Assista ao vídeo de divulgação dos projetos contemplados em 2020 aqui.
Como surgiu o Edital e como ele dialoga com ações prévias do IEAHu?
Maíra Machado Martins: Este edital surgiu a partir da chamada extraordinária que lançamos em 2020, em momento de pandemia. O IEAHu traz uma conexão entre o Centro de Ciências Sociais (CCS) e o Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH), buscando estimular projetos e ações interdisciplinares no âmbito das humanidades. Dentro destes contextos, o Instituto já vinha fomentando ações por meio de editais lançados anualmente, de apoio a eventos docentes, discentes e a grupos de pesquisas interdisciplinares. A ideia é entender um pouco do que tinha sido desenvolvido na Universidade no âmbito do conhecimento aplicado a práticas em contexto de pandemia. Cinco projetos foram contemplados, que já estavam sendo realizados antes mesmo do contexto da pandemia e desenvolveram ações muito importantes e interessantes com desdobramentos. Então, já eram parcerias estabelecidas entre coletivos locais, docentes e discentes, e foi muito bacana ver isto dentro da Universidade. Em 2021, novamente, pelo sucesso deste edital, decidimos continuar promovendo um fomento às ações no âmbito da extensão universitária.
Que tipos de projetos poderão ser contemplados?
Maíra: Assim como no ano passado, a ideia é que sejam colaborações entre corpo docente e coletivos locais, de preferência, e isto implica uma troca de saberes. O conhecimento que produzimos na Universidade tem uma potência enorme quando é articulado com o conhecimento local dessas realidades, de estratégias de quem vive e pratica ações que já se consolidam. Neste último edital, por exemplo, tivemos um projeto que se chamava Tamo Junto Rocinha, que reunia professores, discentes e um coletivo da Rocinha, que também era formado por funcionários da PUC-Rio. Tínhamos estas três categorias reunidas em torno de um projeto que visava distribuir cestas básicas e cadastrar as populações que necessitavam de ajuda no sentido da alimentação dentro da Rocinha. Assim, a competência do Departamento de Artes & Design, com a ação já consolidada do coletivo local e uma vontade muito grande de fazer as coisas mudarem fizeram com que tivéssemos ações como esta.
Como será o processo seletivo?
Maíra: Recebemos os projetos, reunimos o conselho consultivo, e, primeiro, fazemos um enquadramento, para verificar se os projetos estão dentro dos critérios estabelecidos no edital. A partir dos recursos e dos orçamentos apresentados, conseguimos distribuir aos projetos que apresentam ações que consideramos importantes e relevantes, associando coletivos e conhecimento produzido na Universidade. Tentamos ao máximo contemplar todos os projetos que entram nos critérios estabelecidos, mas depende muito das demandas em relação a recursos e de quantas pessoas vão submeter projetos.
Qual o objetivo principal do Edital e quais são os resultados esperados dos projetos escolhidos?
Maíra: Temos visto no Instituto que é importante dar visibilidade ao que vem sendo desenvolvido na função social que presta à extensão universitária, e de alguma forma direcionar recursos para isso. É importante, como corpo universitário, haver troca de saberes. A ideia não é levar só o conhecimento, porque também nos beneficiamos dessa troca. O objetivo é fomentar esta parceria. Como resultado, esperamos ter uma participação maior em ações fora dos muros da Universidade. Fazer a Universidade chegar também a outros lugares além do nosso próprio campus e do corpo docente, de funcionários e de discentes. A ideia é ter resultados como tivemos no edital passado, ver como esta colaboração é enriquecedora e como podemos contribuir com a sociedade – sobretudo com os territórios e populações que mais necessitam.
Qual o papel das Ciências Humanas durante tempos de crise, como a pandemia do novo coronavírus?
Maíra: O papel das Ciências Humanas é ter cada vez mais um olhar sobre o humano e as humanidades. Em um momento como este, de tantas injustiças, atropelamentos, falta de democracia e descrença pela ciência, elas vêm para trazer de volta o nosso olhar sobre a própria existência. Essas ações colocam a ciência e a nossa atividade na escala de novo, porque lidamos com as pessoas, com os lugares e com as realidades. Saímos do plano do conhecimento teórico para ir ao campo prático. A questão é conseguir que cientistas e docentes colaborem de forma prática com esta realidade tão dura e desigual que vivemos. As Ciências Humanas têm um papel fundamental de conectar as outras ciências com esse humano, por meio da interdisciplinaridade. A desigualdade está cada vez maior. Como a Universidade lida com isso? Como produzimos conhecimento para melhorar este mundo, no nosso microcosmo Brasil? O IEAHu está começando agora a ter esta marca, e a extensão universitária foi algo que tocou todo mundo dentro do nosso conselho consultivo.