Infoc: Duas décadas dedicadas à infância e à formação
18 de novembro de 2013 as 06:30
O Grupo de Pesquisa sobre Infância, Formação e Cultura (Infoc) e o Curso de Especialização em Educação Infantil celebram 20 anos. Para festejar a data, será realizado o Encontro sobre Infância, Formação e Cultura, nesta segunda, 18, e terça-feira, 19, no Auditório do RDC e no Auditório Padre Anchieta. A diretora do Departamento de Educação, professora Sonia Kramer, fala sobre o trabalho do Infoc e a importância de pesquisas na área de Educação Infantil.
O que é o Infoc?
Sonia Kramer: O Infoc começou em 1993, com um grupo de pesquisa interinstitucional, coordenado por mim, aqui na PUC, pela professora Maria Fernanda Nunes, da PUC-Rio e da UNIRIO, e pela Patrícia Corsino, da UFRJ. Ele tem como objetivo desenvolver pesquisas, em caráter macro, sobre políticas públicas voltadas para a infância, educação infantil, formação de professores e acesso à alfabetização, leitura e linguagem escrita, entendendo a formação em uma perspectiva cultural. As pesquisas, em caráter micro, visam conhecer e compreender as interações e práticas em creches, pré-escolas e escolas que têm turmas de Educação Infantil. O grande foco do grupo de pesquisa são crianças desde o nascimento até os seis anos, uma expressiva parcela da população brasileira que não tinha, até muito recentemente, a garantia do direito à educação. O Infoc tem duas vertentes: a das políticas e a das práticas e interações. Somos um grupo de pesquisa, que realiza um curso de formação e um programa de formação e intervenção educacional.
Qual o objetivo do curso de especialização?
Sonia: Em 1994, antes mesmo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) afirmar o direito de todas as crianças até seis anos à Educação Infantil, começamos de forma pioneira aqui na PUC-Rio o primeiro curso do Brasil voltado para a formação de profissionais que trabalham com crianças pequenas nas mais diferentes áreas. O curso de Especialização em Educação Infantil: Perspectivas de Trabalho em Creches e Pré-Escolas, que além de mim, é coordenado pelas professoras Maria Fernanda Nunes e Cristina Carvalho. Felizmente temos alunos nas áreas de educação, serviço social, psicologia, direito, medicina, arquitetura, cultura e design, ou seja, pessoas das mais diferentes áreas que trabalham com crianças. É um curso de pós-graduação lato sensu. Até hoje, tivemos mais de mil alunos. São pessoas que cresceram na profissão dedicando-se a compreender e respeitar o direito das crianças. A criança é um sujeito social que produz cultura, tem direitos sociais que devem ser respeitados, bem como o direito de ser escutada e de ter conhecimento. Começamos, na Gávea, em 1994, sempre com duas turmas simultâneas, e, desde 2005, realizamos um curso de extensão como desdobramento da especialização, específico para formação de pessoal de creche. Desde 2008, na unidade de Caxias, no Instituto São Bento, teve início uma turma do curso de especialização. Foi um passo que demos quando o curso fez 15 anos. Ao mesmo tempo em que começou esse trabalho, iniciamos um Programa de Formação e Intervenção em Escolas Comunitárias da Baixada Fluminense, como um projeto social, e fazemos um trabalho de acompanhamento e supervisão nessas creches e escolas comunitárias.
Quais as principais conquistas?
Sonia: Do ponto de vista do Infoc, temos sempre o compromisso de devolução dos resultados das pesquisas. Temos a possibilidade de contribuir para as políticas públicas, além de contribuir diretamente para professores e gestores que nos deram os dados, que foram entrevistadas e foram sujeitos das pesquisas. Como pesquisadores também somos consultores do Ministério da Educação para as áreas de currículo, formação, critérios de construção, avaliação e critérios de qualidade para a Educação Infantil. Não apenas nós, pesquisadores e professores, mas também os alunos. Muitos dos nossos ex-alunos fizeram mestrado e doutorado e, hoje, são professores em diversas universidades. Outra conquista é o fato de que o curso, o grupo de pesquisa e o programa de intervenção constituem uma escola de formação de profissionais que trabalham com Educação Infantil. Isto é importante quando se está em uma universidade como a PUC-Rio, além de produzir pesquisa de qualidade, temos o compromisso com a prática educativa. A conquista deste grupo de pesquisa é que ele alimenta o curso e permite que nós também formemos profissionais. Temos também uma participação intensa, enquanto curso e grupo de pesquisa, no Fórum Estadual de Educação Infantil do Rio de Janeiro. É importante mecionar esta participação porque tudo o que foi conseguido no Brasil, no que se refere à criança pequena, do nascimento até seis anos, foi com o movimento social. A própria política pública, a ação governamental no caso brasileiro respondem à mobilização. O grupo de pesquisa e os membros do curso foram às ruas em vários momentos desses 20 anos para lutar por recursos para a Educação Infantil. Ou seja, quem trabalha nessa área é pesquisador, formador, formulador de políticas e militante.
Quais são os planos para o futuro?
Sonia: Vamos começar a fazer um trabalho de supervisão, acompanhamento e intervenção em uma rede pública do município da Baixada Fluminense. Este programa vai atuar, não apenas em creches e escolas comunitárias, mas também, agora, em uma rede pública. Isto é um fruto tanto do grupo de pesquisa como do curso, e inclui a participação de ex-alunos. Cabe mencionar o apoio recebido do CNPq e da Faperj para o grupo de pesquisa e do Instituto Dynamo para o programa de intervenção. A outra frente é o lançamento, durante o seminário, do livro Educação Infantil Formação e Responsabilidade, título que revela esse compromisso tanto do curso quanto do grupo de pesquisa ao longo desses anos.