Com uma série de atividades on-line, a Semana da Consciência Negra será realizada de 22 a 26 de novembro. O encontro é organizado pelo Coletivo 30 anos PUC-Rio, fruto da união de ex-alunos, graduados, mestres e doutores que receberam bolsas concedidas pela Universidade. Três integrantes do grupo, Lourenço Cezar (Geografia), Simone Ferreira (Geografia) e Bruno dos Santos (Filosofia e Ciências Sociais) explicam como surgiu o coletivo 30 anos PUC-Rio, qual a expectativa com relação à Semana da Consciência Negra e como o programa de bolsas da PUC-Rio foi importante para a formação dos “Filhos da PUC” oriundos da periferia.

O que os participantes podem esperar da Semana da Consciência Negra PUC-Rio 2021? Qual será o diferencial com relação a outras atividades anteriores?
Com a temática Nós e Nossas Lutas: da Gênese à Edificação, esperamos mais uma vez favorecer e dar voz aos nossos protagonistas que são os ex-alunos, por meio de suas histórias, sua origem, suas trajetórias, lutas diárias e projetos em seus territórios, sejam eles por sua identificação étnico–racial, pertencimento e a luta contra a discriminação e antirracista. Ano passado, a semana foi on-line, e este formato nos facilitou muito. Neste ano de 2021, além da pandemia que ainda não acabou, decidimos continuar neste formato, e alcançar mais participantes, pois será nosso segundo evento. O nosso diferencial é contar a história de nossos participantes, os ex-alunos. Na verdade, não queremos ser diferentes, um dos nossos objetivos é identificar e dar voz aos nossos nas diferentes carreiras e épocas que estes egressos passaram nos últimos anos na PUC-Rio.

Como surgiu a proposta de tema e organização para o encontro deste ano?
A proposta deste ano é uma continuidade da primeira Semana proposta pelo coletivo 30 anos PUC-Rio. No primeiro ano, priorizamos as participações de egressos dos primeiros 10 anos de bolsas sociais. No segundo, já começamos a diversificar as participações para que sejam dos últimos 20 anos e assuntos que continuam importantes para reflexão sobre as questões de negritude e educação, trajetórias e seus protagonistas para a toda a comunidade PUC Rio.

O que é e o que representa o Coletivo 30 anos PUC-Rio?
O Coletivo 30 Anos PUC-Rio surgiu a partir de articulações internas que visavam ao diálogo entre os ex-alunos e alunas bolsistas da PUC-Rio com a própria Universidade para a manutenção da política de bolsas para jovens de favelas e periferias, que não têm como pagar a PUC. Assim, como foi no passado, e acreditamos que com a política atual, esse número deve ser cada vez maior. Muitos jovens oriundos de pré-vestibulares comunitários, jovens de todos os cantos do país, PROUNISTAS, bolsas filantrópicas estudaram nesta magnífica Universidade, e hoje dão retornos incríveis em seus ofícios, pelas causas sociais e, inclusive, já estão se tornando professores desta Universidade. São pós-doutores e doutoras, gestores de grandes empresas, multiplicadores de trabalhos sociais e tudo que uma pessoa possa imaginar. Tudo que há no mundo existe entre os ex-alunos e alunas bolsistas da PUC-Rio. Um projeto deste tem que ser lembrado até porque a PUC-Rio é a pioneira em Ações Afirmativas com uma política que vem desde 1993 com a inclusão de três alunos, que inclusive foram homenageados na Semana da Consciência Negra do ano passado. Nasce também da celebração deste projeto que fará 30 anos de existência em 2023 e que deu origem ao nome do Coletivo. Representamos o “devir” de muitos futuros alunos e alunas que quando pisarem na PUC-Rio certamente darão retornos melhores que os que nós estamos fazendo atualmente.

Quem são os participantes?
Somos muitos. Somos quem se identifica com essa luta, com a causa e estamos espalhados por todos os cantos do mundo. Somos ex-alunos e alunas de praticamente todos os cursos, de todos os cantos do Rio, do Brasil. Doutores e Doutoras, Mestres e essa galera que se graduou na PUC. Temos alunos que foram pagantes e também são engajados com a luta.

O que o coletivo espera como resultado da Semana da Consciência Negra?
Esperamos que possamos sensibilizar, por exemplos de lutas, dados que comprovam que a PUC-Rio acertou quando optou por ser a pioneira nas Ações Afirmativas, comprovar que a Vice-Reitoria Comunitária realizou um trabalho incrível por meio da equipe do Vice-Reitor Comunitário, professor Augusto Sampaio, que a Pastoral Universitária desenvolveu um belíssimo trabalho oferecendo condições para continuarmos estudando com alimentação, transporte, moradia, livros, xerox e muitas outras coisas que poderão ser refletidas pelos participantes. Esperamos que todas e todos possam compreender que a PUC-Rio sem os alunos negros, as alunas negras, os pobres e todos aqueles que estudam com bolsa ficará bem mais pobre sem esse intercâmbio de conhecimentos, de culturas e experiências.