Novo Vice-Reitor Geral da PUC-Rio toma posse no dia 15
Por: Carolina Smolentzov e Henrique Silva
9 de setembro de 2022 as 06:30
Vice-Reitor Geral da PUC-Rio, Padre André Luís de Araújo, SJ. Foto: JP Araujo
O novo Vice-Reitor Geral da PUC-Rio, Padre André Luís de Araújo, SJ, chega à Universidade após trabalhar em outra Instituição de Ensino Superior da Companhia de Jesus, a Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), onde foi professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem e do Curso de Letras, além de atuar no Instituto Humanitas Unicap. Ele possui graduação em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Filosofia e Teologia pelo Centre Sèvres Facultés Jésuites de Paris, tendo feito, ainda, uma parte de seus estudos em filosofia na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), em Belo Horizonte. O jesuíta tem mestrado e doutorado em Letras: Estudos Literários pela UFMG. Mineiro, ele também escreve e publicou dois livros de poesia. Além de exercer a função de Vice-Reitor Geral, Padre André é o novo Diretor do Centro Loyola de Fé e Cultura. A posse do Vice-Reitor Geral e do Vice-Reitor para Assuntos de Desenvolvimento e Inovação, professor Marcelo Gattass, será no dia 15 de setembro, às 18h, nos pilotis do Edifício Padre Laércio Dias de Moura, SJ – Instituto Tecgraf. Antes, às 12h, haverá uma missa solene na Igreja do Sagrado Coração de Jesus. As duas cerimônias vão ser presididas pelo Provincial dos Jesuítas do Brasil, Padre Mieczyslaw Smyda, SJ.
Como o senhor recebeu o chamado para integrar a Vice-Reitoria Geral da PUC-Rio?
Padre André Luís Araújo, SJ: A nomeação do Vice-Reitor Geral segue alguns protocolos. Primeiro, por tratar-se de um cargo de confiança, o nome do futuro Vice-Reitor Geral é uma escolha pessoal do Reitor. Em seguida, o nome é apresentado ao Provincial dos Jesuítas, que, estando de acordo, prepara a transferência do jesuíta para essa função. Finalmente, o nome é apresentado pelo Reitor ao Grão-Chanceler da Universidade, o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro. É ele quem acolhe o pedido, aprova e nomeia o Vice-Reitor Geral. Nesse sentido, trata-se de um gesto de confiança por parte da Igreja. E eu atendo a esse gesto com espírito de serviço, por poder colaborar em uma missão tão importante como esta, em uma Universidade confiada à Companhia de Jesus. O Reitor, Padre Anderson e eu, fomos companheiros de Noviciado, além de termos estudado juntos por um período, na França. Somos amigos há muito tempo. Portanto, acolhi este chamado no sentido de uma colaboração mais estreita e de uma colateralidade, como o Padre Anderson mesmo diz, um apoio fundamental à sua missão. O senso de responsabilidade é grande, por saber o que se espera de alguém que vem para ajudar e contribuir. Venho para uma colaboração, que vem sendo desenhada e pensada, até porque existem várias maneiras de estabelecer uma colaboração e de ser uma presença de qualidade, ainda mais quando se trata de uma Universidade como a PUC-Rio, tão importante para o Brasil, para a Arquidiocese do Rio de Janeiro e para a Companhia de Jesus. Além disso, quando um jesuíta é enviado em missão, ele não vai sozinho, toda a Companhia de Jesus vai com ele, e eu sei bem o que significa estar e atuar com outros ou em nome de alguém, colaborar e responder, compondo uma equipe.
Como a sua formação e experiência em universidades do Brasil e do exterior podem contribuir para esta nova missão?
Padre André: Comecei a trabalhar muito cedo, como menor aprendiz do Banco do Brasil, na minha cidade de origem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Meus pais prezaram muito pela nossa formação, e minha vida acadêmica é anterior à entrada na Companhia de Jesus. A defesa de tese, por exemplo, aconteceu bem no início do primeiro ano de Noviciado. Tive experiências de trabalho em outras redes de ensino, inclusive de Ensino Fundamental e Médio, porque atuei nas redes públicas municipal, estadual e federal, bem como em colégios particulares leigos e confessionais. Essa trajetória me faz consciente de desafios e oportunidades na educação, desde muito cedo. Os dez anos de estudos na UFMG me deram uma noção da pesquisa acadêmica em uma universidade pública de qualidade, que me fizeram compreender melhor como funcionam e se estruturam a pesquisa, o ensino e a extensão – onde trabalhei por alguns anos. A entrada, posteriormente, na Companhia de Jesus me permitiu conhecer outras realidades e chegar a lugares onde eu antes não poderia ir. De igual modo, ser jesuíta me dá condições de perceber as potencialidades da espiritualidade inaciana para a formação humana, considerando a importância do discernimento, do bem mais universal, dos processos de fidelidade criativa, além de tudo que a Companhia de Jesus significa para a história da educação no mundo. As universidades por onde passei, em Minas, em Pernambuco e, agora, na PUC-Rio, evidenciam realidades e desafios diferentes de regiões distintas do Brasil. Isso tem consequências diretas no magistério e na gestão que a gente pensa e sonha realizar.
Quais são os desafios de uma instituição de ensino superior no Brasil neste momento pós-pandemia?
Padre André: O Brasil passa por um momento muito delicado em várias dimensões. Os desafios para uma instituição de ensino superior são muitos: crescimento, sustentabilidade, captação de alunos. Tudo isso não são realidades apenas brasileiras, neste contexto de retomada, ainda sob os efeitos da pandemia, certamente, mas toma outras proporções quando se trata de um país às vésperas de um processo eleitoral de grande responsabilidade para os rumos do futuro. O que podemos oferecer é o que a Universidade Católica do Rio de Janeiro significa para este cenário onde nós estamos, com seu grande legado de habilidades e competências para o desenvolvimento em muitos âmbitos, impulsionando, sob o carisma da Companhia de Jesus, o crescimento do ser humano nas várias dimensões que o processo educativo comporta. Mais ainda num momento como este em que, no Brasil, ensino, pesquisa e extensão passam por uma grande revisão, que precisa dar uma resposta a esses novos tempos tão complexos e difíceis.
O senhor já tem em mente algum projeto para desenvolver na Universidade?
Padre André: Estamos conhecendo e visitando as pessoas. É preciso, primeiro, conhecer bem os processos, ter consciência do período que atravessamos, das questões que exigem decisões importantes, mas também das oportunidades que temos. Sabemos que muitas dessas questões podem ser respondidas dentro da própria PUC-Rio, com as pessoas e os recursos que possuímos. Além das funções específicas previstas para um Vice-Reitor e do apoio mais direto ao Reitor, como estou também à frente do Centro Loyola de Fé e Cultura, tenho consciência de que este lugar tem uma vocação importante como plataforma de projetos, além de ser um local tão caro à história da Companhia de Jesus e da PUC-Rio, no diálogo com a cidade do Rio de Janeiro. Pensar, no âmbito acadêmico, a formação integral passa por aí: unificar instâncias e esforços e alinhá-los; ouvir as pessoas e saber quais são suas demandas, para, a partir de uma ampla escuta, propor caminhos e estratégias para soluções conjuntas. Existe um grande potencial humano e acadêmico aqui, por isso é muito importante ordenar essas forças, acompanhar as pessoas, para que a incidência de tudo o que desejamos realizar possa ter uma realização efetiva e fecunda.