O consumo contemporâneo
9 de dezembro de 2013 as 06:30
A Editora PUC-Rio, em parceria com a Mauad, lança, na terça feira, 10, na Livraria Timbre, no Shopping da Gávea, o resultado das reflexões do Programa de Estudos em Comunicação e Consumo Academia Infoglobo/PUC-Rio (PECC) sobre consumo e narrativa publicitária. Com o título de Cultura e imaginação publicitária, o livro reúne sete artigos escritos a partir de pesquisas realizadas pelos integrantes do grupo formado por alunos da graduação e da pós-graduação. Os antropólogos e professores do Departamento de Comunicação Social Everardo Rocha, coordenador-adjunto da pós-graduação em Comunicação e coordenador do PECC, e Cláudia Pereira, pesquisadora plena do PECC, contam sobre a importância do estudo do consumo na sociedade contemporânea.
O livro é resultado de estudos realizados pelos pesquisadores do PECC. Os setes artigos apresentados neste volume são resultado de que tipo de reflexão?
Everardo Rocha: Acadêmica. Foi uma reflexão das nossas pesquisas, que são ligadas, no caso deste livro, ao consumo e à narrativa publicitária. Os artigos são resultado das pesquisas que foram apresentadas em congressos, simpósios e eventos variados. Com o livro, queremos não apenas divulgar o nosso trabalho, mas contribuir para o desenvolvimento da reflexão brasileira sobre a publicidade, como um fenômeno importantíssimo no mundo contemporâneo. A publicidade é a prima pobre da área da comunicação em termos de reflexão intelectual.
Cláudia Pereira: Não temos tanta bibliografia e nem esse tipo de abordagem na perspectiva do consumo de uma forma acadêmica. Aqui estão os alunos tanto de graduação como os de pós-graduação que participaram do PECC desde 2011.
Como surgiu e qual a proposta do PECC?
Cláudia: O PECC surgiu em 2011 e já era uma ideia antiga do Everardo. Ele tinha esse desejo de fazer uma aproximação entre a academia e o mundo empresarial. Nós conseguimos, ao longo daquele ano, com muita conversa com o Infoglobo, chegar ao formato ideal e criar essa parceira. O papel do PECC é estabelecer um espaço de troca entre as nossas produções acadêmicas e o Infoglobo, que é uma empresa de comunicação e tem como cultura uma preocupação de olhar para o mercado de uma forma diferenciada. Isso facilitou muito a nossa entrada lá.
Everardo: Foi uma coincidência feliz. Estou há 40 anos na vida universitária e nunca tinha visto uma empresa oferecer recursos para pesquisa acadêmica, sem ser pesquisa aplicada, ou seja, aquelas pesquisas em que eles têm interesse nos resultados diretos, imediatos. É muito difícil que aconteça um investimento aberto na pesquisa acadêmica, cujo único compromisso é a excelência, não com apresentar resultados à empresa. Era um sonho muito antigo. Conversando com a Cláudia, formatamos uma proposta e procuramos empresas que pudessem estar interessadas e ter disponibilidade para isso, porque o valor é pequeno para a empresa e muito grande para nós.
A parceria entre academia e empresa é essencial para o entendimento do mundo contemporâneo?
Everardo: Com certeza, para o desenvolvimento da reflexão é essencial, mas é uma aproximação difícil, porque ela se dá mais nas áreas aplicadas. É muito fácil, se eu sou um empresário de desenvolvimento de metais, por exemplo, ou de pesquisa de petróleo, procurar uma área de geologia e começar a trabalhar. Essa é a parceira clássica. O difícil é quando você faz essa parceria com áreas críticas e analíticas, como as de ciências sociais. Esse é o grande diferencial do PECC.
O PECC existe desde 2011. Nesses dois anos, o que foi possível constatar com relação ao consumo no Brasil?
Cláudia: Cada um dos participantes do PECC segue uma linha de pesquisa. O livro não é sobre o consumo na sociedade brasileira, são diferentes perspectivas sobre como o consumo é representado na publicidade, a publicidade como narrativa do consumo.
Os resultados sobre a reflexão no consumo, em um total de 14 artigos, foram divididos em dois volumes. Quando o segundo volume vai ser lançado?
Cláudia: Em março do próximo ano. O segundo volume Cultura e experiência midiática não vai
pensar nas representações, mas sim na experiência do consumo, na maneira como a gente vivencia o consumo.