O Nascimento de Cristo por diferentes culturas
26 de fevereiro de 2016 as 06:30
O Centro Loyola de Fé e Cultura PUC-Rio, em parceria com a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, promove exposição com 160 presépios até o dia 20 de dezembro na Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro. A mostra reúne peças da coleção particular do Diretor do Centro Loyola, padre José Maria Fernandes, S.J., e foram confeccionadas por artistas e artesãos de 40 países e de 16 estados do Brasil. As referências da cultura e da história do lugar de origem estão presentes tanto na forma de esculpir ou montar os presépios quanto nos materiais utilizados como cerâmica, papel, arame, madeira, tecido, resina e gesso. Padre José Maria Fernandes explica como reuniu as peças e comenta a importância dos presépios para o Natal.
Qual é o objetivo da exposição?
Padre José Maria Fernandes: As palavras do Cardeal Arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, dizem que o presépio é um dos maiores meios de evangelização, porque coloca em todas as culturas o nascimento do Filho de Deus, Jesus Cristo. E também tem a questão de mostrar a diversidade de culturas. A coleção completa tem quase 500 presépios. Eu fiz uma triagem, para ter uma representatividade de várias partes do mundo. É bem diversificado.
Como o senhor conseguiu reunir os presépios?
Padre Fernandes: Muitos dos presépios eu adquiri quando estava na Europa. Em Belo Horizonte, na Feira Internacional de Artesanato, eu adquiri muitas coisas também, inclusive um do Cazaquistão. Não importa se é de lata ou de ouro, só importa a criatividade. Tem presépio que eu comprei na mão de camelô na praça General Osório, em Ipanema, tem de um mecânico que gosta de trabalhar com arame e fez um presépio todo de arame para mim. E muitos presépios chegam. Eu sempre digo que não é o colecionador que faz a coleção, é a coleção que faz o colecionador. Você vem e me traz um e depois outro. Eu começo a me encantar com aquilo, daqui a pouco a coisa vai crescendo, as pessoas vão sabendo e te presenteiam. Chega em um ponto que você nem compra ou troca mais, as coisas vão chegando.
Como a cultura dos países e das regiões brasileiras pode ser percebida na exposição?
Padre Fernandes: Tem uma comunidade dos índios caiapós da Ilha do Bananal, no Mato Grosso. A cerâmica que eles fazem é típica deles. Eles têm um guerreiro segurando a lança e uma mulher amamentando uma criança. Você bate o olho e fala: isso aqui é de índio. É muito bonito. Tem um outro presépio que é do Líbano, tudo caracterizado com as roupas de lá. Tem também uma cerâmica do Vale de Jequitinhonha, do Norte de Minas, que é riquíssimo. Nesta exposição, 20% são de Minas Gerais, porque Minas e Bahia são os estados que mais produzem em cerâmica e madeira. A criatividade é impressionante, cada ano se cria uma coisa nova para um mesmo tema. Há vários tipos de materiais, de cerâmica de pedra, de madeira, tecido, papel, resina, gesso.
Qual é a importância do presépio para o Natal?
Padre Fernandes: O Natal veio ao longo do tempo perdendo o seu sentido. Natal é o Nascimento do Filho de Deus. O consumismo e o Papai Noel tomaram conta, não que eu seja contra isso, mas foi suplantado. No Natal, o aniversariante tem que estar em primeiro plano. Natal hoje é passear no shopping, comprar presente, fazer a ceia. E o aniversariante, como é que fica?Este sentido é que a cada ano vai se perdendo. A experiência que tenho nas exposições é que as pessoas chegam e lembram da casa da avó, do passado em família, puxam da memória. A exposição traz um sentido de família. Você vê avós contando histórias. Eu vejo até em adultos o olhar de criança. É quase que um sonho que está ali na sua frente.