Entrevista

Parceria da PUC-Rio com a Arquidiocese, Semana das Comunidades faz reflexão sobre as necessidades do próximo

Por: Maria Clara Aucar

Parceria da PUC-Rio com a Arquidiocese, Semana das Comunidades faz reflexão sobre as necessidades do próximo

Professor Augusto Sampaio, padre Waldecir Gonzaga e Andréa Paiva

Mutirão pela Vida: Por Terra, Teto e Trabalho é o tema da terceira edição da Semana das Comunidades, que ocorrerá de 27 a 30 de setembro, às 17h. Os encontros, promovidos pelo convênio entre a Vice-Reitoria Comunitária da PUC-Rio e a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, serão realizados pela plataforma Zoom. No dia 27, a abertura será mediada pela assistente social Andréa Paiva, da VRC, com a participação do Vice-Reitor para Assuntos Comunitários, professor Augusto Sampaio, do diretor do Departamento de Teologia, padre Waldecir Gonzaga, do Vice-Reitor Geral da PUC-Rio, padre Anderson Antonio Pedroso, S.J., e do Vigário Episcopal para Caridade Social, monsenhor Manuel Manangão.

O que é a Semana das Comunidades?
Professor Augusto Sampaio:
Ela faz parte de um convênio que nós temos com a Arquidiocese do Rio de Janeiro e a Vice-Reitoria Comunitária participa e oferece toda a infraestrutura necessária. Eu acho que é importante, porque a PUC-Rio é subordinada à Arquidiocese do Rio de Janeiro; a nossa missão é apoiar as atividades dela, visando sempre o bem comum. A participação da VRC tem em vista viabilizar estes projetos que são de interesse da Universidade, para a sua identidade e, também, porque é uma maneira de oferecer a possibilidade de participação dos alunos em alguns eventos. Quando a PUC-Rio foi fundada, o objetivo era criar uma universidade que tivesse excelência acadêmica. Além disto, a ideia era ir além, e oferecer aos estudantes uma formação de humanismo. Na PUC-Rio, existem vários mecanismos que fornecem este complemento. Fico feliz quando nós somos procurados pela Arquidiocese para participar destas iniciativas, porque isto faz parte do que a Universidade tem, além de excelência acadêmica. Este algo tem muito a ver com a Comunitária, que está preocupada com os excluídos. A missão da Arquidiocese, por meio das pastorais específicas, é olhar para o próximo, para aquele que mais necessita, e procurar apoiá-lo. Para mim, estas iniciativas estão dentro deste sonho, que se torna realidade quando concretizamos um evento desta natureza.
Andréa Paiva: A Semana das Comunidades é uma das atividades de um convênio entre a Arquidiocese e a PUC-Rio. Em 2018, a partir de uma articulação entre o Departamento de Teologia, a Pastoral Universitária, dom Joel Portella Amado, monsenhor Manuel Manangão e o padre Marcos Vinícius, que era coordenador da Cultura Religiosa, este convênio foi criado, mediado pelo Vicariato para a Caridade Social. Para materializar o convênio, foi criado o SUSTCOM – Sustentabilidade Humana, Social e Ambiental das Comunidades, um programa interdisciplinar comunitário. Nós dialogamos com os departamentos que tenham interesse pelas temáticas apresentadas pela Arquidiocese a partir do convênio. A Semana das Comunidades é um destes eventos.
Padre Waldecir Gonzaga: A Universidade tem no marco referencial, ou seja, naquilo que é referência para a sua ação, a promoção humana. A promoção da vida, do ser humano, sem distinção, naquela convivência bonita de dentro da Universidade. O voltar-se para as comunidades está dentro deste projeto, porque é de resgate da vida humana. Nós precisamos entender que, às vezes, o que parece ser pouco aos olhos de alguém, é este muito, é este aproximar-se da Igreja, da Universidade, junto às favelas, às comunidades, para que possamos ter promoção da vida humana. A Semana das Comunidades é um evento de aproximação, porque a Universidade promove a vida humana todos os dias. É um momento em nos reunimos para que possamos refletir juntos e, além de celebrar todas as conquistas, projetar algumas coisas novas. A Semana está aí para consolidar o que já foi conquistado e para indicar novos rumos e necessidades.

Qual é o propósito da Semana das Comunidades deste ano?
Andréa Paiva:
Nós estamos conectados à 6ª Semana Social Brasileira, e é uma orientação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil(CNBB) para a ação pastoral no Brasil. Em 2019, nós encerramos a primeira edição da Semana das Comunidades com o lançamento da 6ª Semana Social Brasileira, aqui no Rio de Janeiro, que é esta ação nacional da CNBB que, neste ano, propõe o Mutirão Pela Vida: Por Terra, Teto e Trabalho. Este é o propósito da Semana que será de 27 a 30 de setembro.
Padre Waldecir Gonzaga: Estes momentos são sempre de formação, de informação e de troca de experiências. Este tripé nos ajuda no processo de formação de consciência, que não é como formação de opinião. Formação de consciência requer tempo e dedicação; é educacional. Quando entramos em temas como este – de terra, teto e trabalho –, nós lidamos com as populações mais fragilizadas. Nós lidamos com as pessoas das comunidades e com a população que mais clama e grita aos nossos olhos, que é aquela que foi para a rua. É um guarda-chuva que quer dar sinais de esperança para quem se encontra em situações de desespero. É, também, uma busca de se fazer parcerias em todas as direções possíveis com homens e mulheres de boa vontade – com quem tem fé e com quem não tem; com quem tem fé em diferentes religiões; com pessoas que queiram trabalhar pelo bem comum, como diz o Papa Francisco.

Qual será a contribuição da PUC-Rio?
Padre Waldecir Gonzaga:
O fato de a PUC-Rio se preocupar e ter isto no seu marco referencial, como nós temos aqui, já é algo importante. A Universidade tem pessoas muito bonitas na capacidade, na gratuidade, na disponibilidade, pessoas que sabem estender a mão. Quando pegamos estes ganchos e vemos que a PUC-Rio, por ser uma Universidade católica confessional, tem a preocupação do resgate, a partir dos princípios éticos cristãos, vemos uma somatória. A colaboração da PUC-Rio é total e fundamental, porque coloca a estrutura e todo o seu pessoal. Ela abraça com carinho.
Professor Augusto Sampaio: Nós vivemos um mundo espetacular na Universidade, gerando conhecimento e grandes pesquisas. Às vezes, falta à sociedade e, principalmente às universidades, uma visão maior da realidade. Eu acho que convênios como este são uma espécie de radar. E, se nós não pensarmos na Terra – e a Universidade tem uma área muito dedicada ao meio ambiente – e com o cuidado com a Terra, as consequências afetarão pobres, ricos e milionários. Se não pensarmos no teto, a população de rua aumentará. Em relação ao trabalho, pensamos em soluções que permitam a esta população ser útil à sociedade, trabalhando. A Igreja, pela Pastoral da Caridade, traz uma realidade que muita gente não conhece. Esta extensão universitária, que resulta em pesquisa, é a solução para a humanidade, para os países subdesenvolvidos, que precisam disto. É muito útil para a própria Universidade, que é uma Pontifícia Católica e precisa ter esta conexão permanente com uma realidade que, muitas vezes, as universidades ficam distantes. Esta provocação da Arquidiocese nos obriga a pensar e isto faz parte da nossa missão.