Entrevistas

Pensamento e reflexão sobre Cinema

Pensamento e reflexão sobre Cinema

O curso de extensão Cinema, Criação e Pensamento, organizado pelo Núcleo de Comunicação Comunitária, do Projeto Comunicar, em parceria com o Departamento de Comunicação Social, começará na terça-feira, 2, e terá a duração de três meses. Destinadas às pessoas que moram em comunidades pacificadas do entorno da Gávea, as aulas serão no Centro Loyola de Fé e Cultura. A aula inaugural será ministrada pelo cineasta e professor Joel Pizzini, diretor do documentário O elogio da graça. Participarão também da primeira aula alunos do Curso de Especialização em Comunicação e Imagem. Em entrevista ao PUC Urgente, a coordenadora do Núcleo de Comunicação Comunitária e do Curso de Especialização em Comunicação e Imagem, Angeluccia Bernardes Habert, falou sobre os objetivos dessas aulas e os assuntos que elas irão tratar.

Qual é o objetivo do curso?

Angeluccia Bernardes Habert: O objetivo é levar o diálogo entre a Universidade e o entorno da Gávea. Nós escolhemos usar o Cinema como instrumento, porque até hoje a linguagem cinematográfica é a base da linguagem de toda Comunicação. A maioria das pessoas, hoje, tem acesso à tecnologia digital portátil e está trabalhando com a essa imagem nova. Então, a nossa ideia é fazer um curso sobre a história do Cinema. Nesse primeiro módulo, nós estamos trabalhando a história do documentário, para abordar as questões da vida das pessoas e da sociedade. O curso se volta justamente para essas questões do pensamento, da reflexão de uma preparação para exercer uma vida mais ativa, de mais interferência nas questões sociais.

Qual a abordagem deste curso?

Angeluccia: É sobre uma história do cinema-documentário. Nesse primeiro módulo vamos trabalhar com os grandes momentos da história do documentário, quando há uma modificação da linguagem cinematográfica, a qual está ligada, muitas vezes, a uma invenção tecnológica. Então, vamos começar a fazer uma passagem pelos grandes nomes de diretores que trabalham com documentário, e as inovações que eles colocam em relação à linguagem.

As aulas sempre terão um convidado?

Angeluccia: Não. Na verdade, na aula inaugural terá o diretor Joel Pizzini como convidado. As aulas serão realizadas com o método pedagógico da Academia. Nós temos uma turma heterogênea de idade, com a média de 26 anos. As aulas vão mostrar como as pessoas podem olhar o mundo, para elas terem ideia de onde partir para poder filmar.

Como vocês perceberam a necessidade de fazer cursos para pessoas de favelas pacificadas?

Angeluccia:
 Temos a necessidade de falar para o outro. A Universidade não é um mundo fechado, a própria palavra universidade quer dizer universal, sair para os outros. E o quê são essas favelas? Lá moram pessoas que são nossos vizinhos, que cumprimentamos eventualmente em algumas situações, e às vezes, passamos ao lado, sem perceber a existência. É uma forma de a PUC ter um diálogo com o próprio entorno com as pessoas e com os jovens, principalmente.

Esse curso foi muito procurado? Houve interesse? Quem poderia se inscrever?

Angeluccia: Nós pensávamos em colocar o curso para a Rocinha, Parque da Cidade e Vidigal, mas, por causa da alta procura, estendemos um pouco. As pessoas que moram no Jardim Botânico e os alunos de alguns colégios públicos da Gávea, como os do Colégio Estadual André Maurois, puderam se inscrever. Durante a entrevista com os candidatos, explicamos qual era o nosso desejo para ser preenchido por esses alunos no curso. Queríamos saber se as pessoas vão seguir o curso com compromisso, e também se isso é realmente importante para elas.

Quais foram os resultados dos outros cursos que vocês fizeram?

Angeluccia: Conseguimos alguns resultados práticos na medida em que eles fizeram umas pequenas produções. O curso não é necessariamente para fazer filmes ou vídeos. Eles até fazem exercícios, mas é para ser trabalhada mais a questão do pensamento, da reflexão sobre o Cinema e dos problemas da cidade através dos filmes. O Cinema consegue colocar problemas contrastantes e difíceis em um determinado espaço de tempo com muita facilidade. Podemos discutir qualquer coisa a partir de um filme, porque ele facilita, aproxima e torna mais compreensíveis as questões sociais.