Entrevistas

Pensar um futuro sustentável

Pensar um futuro sustentável

Professor Marcelo Motta: ‘Juntos poderemos construir um futuro sustentável’. Foto: CAIO MATHEUS

A XXIX Semana do Meio Ambiente da PUC-Rio vai ser realizada do dia 13 ao dia 16 de junho e terá como tema “Florestania e Cidadania”. Os encontros vão ser coordenados pelo NIMA (Núcleo Integrado de Meio Ambiente) e Vice-Reitoria para Extensão e Estratégia Pedagógica. O diretor do NIMA, professor Marcelo Motta, explica como foi planejado o encontro, que é uma atividade tradicional da PUC-Rio. Serão expostos painéis no RDC com temáticas como mudanças climáticas, biodiversidade e desenvolvimento socioeconômico. Também ocorrerão oficinas, exposição e feira. Além disso, haverá atrações culturais no anfiteatro com shows de música e a parceria com a festa junina dos funcionários da PUC-Rio.

O tema da XXIX Semana do Meio Ambiente deste ano é “Florestania e Cidadania”. O que inspirou a equipe do NIMA a pensar neste conceito para a edição de 2023?
Alinhamos temas e mesas a fim de contemplar a representação de diversos departamentos nos temas ambientais contemporâneos. Diversas parcerias com departamentos e unidades foram feitas para a realização de oficinas e eventos culturais. Alinhado com os Metaprojetos da Universidade, o tema da Semana de Meio Ambiente recai sobre “Florestania e Cidadania”, respondendo às reflexões propostas sobre o verbo Amazonizar, bem como sobre o Vale da Gávea e nosso papel na cidade do Rio de Janeiro. A reflexão traz as múltiplas escalas entre o local e o global em direção ao entendimento dos modos de vida dos povos da floresta e a forma de se sustentar há milênios no maior bioma do mundo e, ao mesmo tempo, refletir sobre as contradições do modelo civilizatório que optamos nas grandes cidades. Assim, Amazonizar e Vale da Gávea foram traduzidos em nossas formas de existir exercendo “Florestania e Cidadania” respectivamente.

Como os painéis de discussão foram divididos?
A programação da semana foi dividida em 12 painéis com temas voltados para questões socioambientais para disseminação de conceitos e práticas para a proteção ambiental, desenvolvimentos econômico e social, preservação da biodiversidade e a criação de condições para uma vida melhor. Reuniremos acadêmicos renomados, líderes comunitários, ativistas ambientais, autoridades públicas e membros da sociedade civil para discutir os desafios ambientais que se apresentam, iniciativas e estratégias inovadoras em busca de soluções concretas e as políticas públicas, locais e internacionais, mais atuais e efetivas. Juntos podemos construir um futuro sustentável, no qual a preservação do meio ambiente se torne uma prioridade universal, redefinindo assim o conceito de cidadania para incluir nossa responsabilidade com a qualidade de vida da população.

Além dos painéis, estão programadas outras atividades? Quais?
Estão programadas também oficinas com temáticas específicas a fim de provocar um processo de sensibilização a partir de práticas. Também teremos projetos culturais de música, que podem promover uma discussão sobre o ambiente na área cultural, com shows no anfiteatro e a parceria com o arraial da AFPUC na Vila dos Diretórios. Também haverá a participação da feira Crespa e da Rede Dom Helder Câmara de Economia Solidária.

Quais os principais desafios para o Brasil neste momento sobre as questões do meio ambiente?
Na perspectiva do Brasil, estamos falando dos meios de produção brasileiros. Entender que a floresta é um empecilho para o desenvolvimento é de um atraso enorme. A biodiversidade é o nosso grande ativo ambiental no Brasil, assim como suas águas, terras e território. Os grandes desafios estão voltados para um redimensionamento do agronegócio, da produção agrícola, agropastoril no Brasil, revendo os meios de produção. Entender que a produção de carne bovina tem que ser associada a grandes propriedades de pastagem extensiva, que derrubam os ecossistemas e biomas brasileiros. Expulsar pessoas das terras e se apropriar de forma inadequada delas gerando processos de exclusão social não é o modo sustentável de se pensar. O grande desafio do Brasil é repensar o agronegócio e saber que existe e pode haver um agronegócio sustentável, assim como há e deve existir a produção agroflorestal ensinada pelos povos da Floresta Amazônica e de muitos outros biomas do Brasil. Sendo assim, o nosso modo de produção exploratório realmente não é algo que deve continuar no país. Nesse sentido, estamos trazendo quatro grandes patrocinadores para esta Semana de Meio Ambiente. Portanto, é uma semana que não gera nenhum custo para PUC-Rio, ao contrário, gera recursos no sentido de atrair os patrocinadores como grandes parceiros de atividades de educação ambiental, sensibilização ambiental e aproximação com as nossas pesquisas e produções acadêmicas.