Entrevista

Pesquisa monitora a qualidade do ar na PUC-Rio

Pesquisa monitora a qualidade do ar na PUC-Rio

Elizanne Justo e Karmel Beringui com o equipamento para monitorar qualidade atmosférica. Foto: Amanda Dutra

A partir do dia 9 de março, o PUC Urgente passará a apresentar, em uma coluna de autoria da professora Adriana Gioda, do Departamento de Química, as medições mensais sobre a qualidade do ar no campus da Universidade. Ela é coordenadora do Laboratório de Química Atmosférica (LQA) e, com as doutorandas Elizanne Justo e Karmel Beringui, desenvolve uma pesquisa sobre poluição do ar. No PUC Urgente, serão fornecidas dicas sobre atitudes diárias que a comunidade PUC-Rio pode adotar para reduzir a poluição do ar. Comportamentos como a carona solidária e a diminuição do fumo serão abordados pela pesquisadora como formas de conscientização.

Como surgiu a ideia de monitorar a qualidade do ar na Universidade?
Adriana Gioda – A ideia surgiu porque temos um projeto, há um tempo, em parceria com outras universidades do Brasil. Conseguimos comprar três equipamentos que, na verdade, eram para ser usados em navios para coletar dados do alto mar. Como nem tudo é perfeito, não conseguimos realizar essa coleta e decidimos trazer o aparato para a PUC. Já estamos com esses equipamentos instalados na Universidade desde 2014. Fazemos coletas semanais, como manda a legislação, e, por isso, temos o acompanhamento. Alguns dos alunos usam esses dados para suas teses. Também utilizamos esse equipamento para manter o monitoramento e checar a variação. Já observamos várias mudanças nas concentrações em função do túnel, da construção do metrô, e das chuvas.

Quais são os principais fatores que regulam a qualidade do ar em qualquer ambiente?

Adriana – São vários, há diversos tipos de poluentes. Aqui trabalhamos com os particulados, mas eles também podem ser gasosos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o particulado é um dos principais causadores de doenças e de mortalidade, por isso, temos um interesse especial neles.

Quais medidas podem partir do governo para melhorar a qualidade do ar?

Karmel – Eles tomam algumas medidas periodicamente, não só exclusiva de material particulado, mas de outros poluentes. Optando por combustíveis como o diesel e mudando algumas peças de carro que atuam como filtro de poluentes, os carros passam a causar menos danos ambientais. Também é importante o governo rever periodicamente a legislação imposta para o monitoramento ambiental, verificando se realmente estamos diminuindo, se o padrão estipulado é adequado para aquela região.
Adriana – Existem muitas coisas que podem ser feitas, inclusive campanhas educacionais. Se houvesse um incentivo do governo em fazer ciclovias, em ter segurança, muitas pessoas optariam por bicicletas ao invés de carros. É difícil andar de bicicleta em uma cidade grande como o Rio de Janeiro sem a ciclovia.

E de quais formais cada pessoa pode contribuir para reduzir a poluição atmosférica?
Adriana – Não podemos culpar o governo por tudo, todos nós estamos poluindo diariamente. Qualquer produto que você consome, de alguma forma, afeta a poluição do ar, já que ele é gerado também por fontes de energia. Um consumo consciente é importante e isso pode ser obtido a partir de campanhas educacionais. Nossas crianças são o principal alvo, porque elas absorvem a informação, levam para a casa e acabam cobrando dos próprios pais. A educação sempre é a base.
Elizanne Justo – A conscientização resume a importância da nossa pesquisa. Os amigos sempre me perguntam como está a qualidade do ar, como estamos respirando. No dia a dia, acabamos levando um pouco de consciência para as pessoas ao nosso redor e seria bom também levarmos para aqueles fora do nosso ciclo de conhecidos.