Entrevistas

RAE completa dez anos fortalecendo o cuidado e o pertencimento estudantil

RAE completa dez anos fortalecendo o cuidado e o pertencimento estudantil

Representantes dos cinco núcleos que compõem a RAE: NAIPD, NOAP, NAU, PSICOM e SPA (Foto: Matheus Santos / Comunicar)

Ao longo de uma década de atuação, a Rede de Apoio ao Estudante (RAE) consolidou-se como um espaço essencial de acolhimento, escuta e cuidado na PUC-Rio. Composta por cinco núcleos — NAIPD, NOAP, NAU, PSICOM e SPA —, a RAE tem como propósito promover o bem-estar e a permanência estudantil por meio de uma atuação integrada e multidisciplinar. Desde 2014, sua missão ultrapassa o atendimento individual, estendendo-se à construção de uma cultura institucional que reconhece o estudante em sua totalidade, com dimensões emocionais, sociais, pedagógicas e humanas que se entrelaçam na vida universitária.

No dia 28 de outubro, das 13h às 18h, o Auditório Padre Anchieta (térreo do Prédio Leme) será palco do evento “RAE PUC-Rio: 10 anos apoiando trajetórias acadêmicas”, um encontro comemorativo e reflexivo sobre essa trajetória. A programação reunirá estudantes, professores e profissionais da Universidade para discutir temas como saúde mental, pertencimento e permanência, pilares do trabalho desenvolvido pela Rede.

Nesta entrevista, construída coletivamente por integrantes dos cinco núcleos que compõem a RAE, a equipe revisita marcos, desafios e aprendizados desses dez anos de atuação. As respostas revelam um percurso de amadurecimento institucional e humano, marcado pela colaboração, pela escuta atenta e pelo compromisso com uma universidade mais inclusiva, empática e conectada com as necessidades de seus alunos.

Como a RAE avalia os principais avanços alcançados ao longo desses dez anos de atuação na PUC-Rio?
Esses dez anos marcam a consolidação do trabalho da Rede, baseado em uma visão integrada e integral dos estudantes. Para além das ações voltadas diretamente ao público discente, há um esforço contínuo para compreender as especificidades dos cursos e como esses aspectos impactam a trajetória acadêmica dos alunos, além de uma aproximação com coordenações, professores e unidades que oferecem suporte aos estudantes, como a CCAR, a Pastoral Universitária, a Vice Reitoria Comunitária, o NAI, entre outras. Também foi iniciado um processo de interlocução com redes e núcleos de outras instituições, especialmente de outras PUCs, ampliando o intercâmbio de experiências e práticas. Ao longo desse percurso, percebe-se um reconhecimento cada vez maior, por parte da comunidade universitária, da importância e da qualidade dos serviços prestados pela RAE, o que reforça sua relevância no apoio à permanência e ao bem-estar estudantil.

De que forma o trabalho integrado e multidisciplinar da RAE contribuiu para a permanência e o bem-estar estudantil?
Todos nós temos muitas dimensões, e as fronteiras não são demarcadas. É difícil separar, por exemplo, o pedagógico do emocional ou mesmo das questões sociais. Com uma atuação em rede buscamos nos aproximar do conjunto dessas dimensões, realizando atendimentos individuais e coletivos, rodas de conversa e oficinas. Reconhecer o estudante em sua inteireza nos orienta, como uma bússola, na definição de ações que promovam seu bem-estar na Universidade e, consequentemente, garantam sua permanência com qualidade. Na construção desse trabalho interdisciplinar também engajamos alunos da universidade em várias atividades de monitoria, estágio e voluntariado. Isso os ajuda na sua profissionalização, na sua interação com estudantes de vários cursos e no seu crescimento como seres humanos.

Quais foram os maiores desafios enfrentados pela RAE nessa década de apoio aos estudantes?
A pandemia e seu retorno marcaram profundamente nossa atuação. Durante o período remoto, enfrentamos o desafio dos atendimentos online e propusemos rodas de conversa para manter a proximidade com os alunos, além de encontros com professores para refletir sobre temas relevantes daquele momento. Foram trocas valiosas, que aliviaram um pouco o sentimento de isolamento. No retorno ao presencial, lidamos com os efeitos emocionais deixados pela pandemia: alta demanda por apoio psicológico, baixa adesão às atividades coletivas, dificuldades de foco e retomada da rotina. Buscar sentido no recomeço e enfrentar esses medos foram um desafio.

Como o evento de celebração busca estimular o diálogo e o sentimento de pertencimento na comunidade universitária?
Preparamos um mês de atividades dedicadas à comunidade da PUC. Inspirados no conceito de rede, nosso objetivo é criar momentos de conexão e espaços de troca entre estudantes, professores e funcionários, fortalecendo, assim, os vínculos entre todos. No dia 28, teremos um evento especialmente pensado para discutir questões centrais na vida universitária: a saúde mental e o sentimento de pertencimento, que são fundamentais para a permanência. Ao sentir-se pertencente e parte ativa desta comunidade, encontramos condições para a construção de um ambiente acadêmico mais saudável e inclusivo.

Que resultados ou aprendizados obtidos ao longo dos anos inspiram as próximas metas da Rede de Apoio ao Estudante?
Nesses dez anos constatamos que o trabalho da RAE tem um impacto real na vida dos alunos. Cada estudante que recebe apoio encontra sentido em sua trajetória, reflete sobre suas escolhas e se fortalece internamente. Na promoção do protagonismo estudantil destacamos a importância das ações coletivas e da construção de uma rede ampliada. Por exemplo, quando dialogamos com diferentes departamentos e unidades, percebemos que ações isoladas, quando somadas, se fortalecem e alcançam um número maior de pessoas. Observamos também que, quando um estudante atendido se sente acolhido pela RAE, traz outros para serem atendidos. E, assim, a Rede se expande.

Qual é a importância de discutir saúde mental e permanência estudantil no atual contexto da universidade brasileira?
Sabemos o quanto cuidar da saúde mental influencia o bem-estar e contribui para a permanência estudantil. Se o estudante não se sente pertencente, sua autoestima diminui e ele passa a não se sentir capaz. Isto impacta diretamente os processos de aprendizagem e, consequentemente, a trajetória universitária. Ao destacar o tema saúde mental e permanência estudantil, buscamos criar uma oportunidade de pensar estratégias que façam os estudantes se sentirem mais seguros, em condições de estabelecer interações verdadeiras, para que possam viver plenamente tudo o que a universidade tem a oferecer. Dessa forma, esperamos que o aluno alcance sucesso acadêmico e viva experiências positivas, que influenciem seu futuro profissional.