O Departamento de Filosofia realiza, nesta segunda-feira, 2, das 9 às 19h, na sala 102-K, o Colóquio Internacional de Educação, Ética e Política na Contemporaneidade. O diretor do Departamento de Filosofia da Universidade de Paris 8, Patrice Vermeren, é um dos palestrantes convidados. O encontro é promovido em parceria com o programa de pós-graduação em Filosofia da UFRJ e conta com o apoio do Consulado Geral da França no Rio de Janeiro e da Delegação Regional de Cooperação para o Cone Sul e o Brasil. O coordenador da Central de Pós-graduação e Pesquisa da PUC-Rio, professor Paulo César Duque Estrada, enfatizou a importância de realizar o colóquio e discutir questões ligadas à alteridade. A programação completa está no site http://nuffc.blogspot.com.br.

Qual é o objetivo do Colóquio?

Paulo César Duque Estrada: O objetivo é abordar, à luz de um tempo de acelerada disjunção como o atual, alguns temas estreitamente ligados às esferas prático-teóricas e que, historicamente, nunca deixaram de se entrecruzar: educação, ética e política.

Quais questões serão discutidas?

Paulo César: Serão discutidas muitas questões disseminadas a partir de preocupações e perspectivas diversas. Por exemplo: novas formas de se pensar o sujeito, a “democracia por vir”, a possibilidade de um outro humanismo, a instituição e, em particular a Universidade, bem como as práticas políticas mais recentes em tempos de crise da representação, a prática pedagógica e o ensino da filosofia, entre outras.

Qual é a importância do pensamento francês para as questões éticas, políticas e educacionais?

Paulo César: Além da enorme influência do pensamento francês na vida intelectual brasileira, uma parte de sua configuração contemporânea encontra na “diferença” (e não na unidade ou na identidade) um de seus temas motivadores, proporcionando elementos teóricos de fundamental importância para se pensar as novas configurações de um mundo que, cada vez mais, é marcado por uma espécie de exacerbação da diferença. Esses aspectos não podem mais ser ignorados por uma racionalidade que apenas insiste no paradigma da unidade, da totalidade e da identidade.

Por que é importante promover uma reflexão sobre a educação e a filosofia?

Paulo César: Educação e filosofia dialogam entre si de múltiplas formas. Hoje, com a explosão e a disseminação de informações em rede sobre tudo a todo instante e a chamada fragmentação do real, algumas questões começam a se mostrar cada vez mais urgentes em torno da prática educativa, a começar pela figura do professor e do próprio papel da Universidade. O que significa hoje ensinar? Para as ciências humanas e a filosofia, que sempre estiveram ligadas a ideais de formação e fundamentação de uma competência crítica, essa é uma questão cada vez mais incontornável.

Qual é o papel da ética nesse debate?

Paulo César: O acirramento de questões ligadas à heterogeneidade significa também uma urgência de questões relativas à alteridade, à relação com o outro, que é sempre diferente. Aqui a reflexão ética que, neste contexto, prefiro chamar de ético-política, se legitima por si mesma.