Comunicação e Transformação – conexões e desconexões no tempo presente é o tema do XI PosCom – Seminário dos Alunos do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUC-Rio. O encontro começa na quarta-feira, 5, às 9h, na sala 102-K, com o professor João Freire Filho (ECO/UFRJ), que fará a palestra de abertura. O seminário vai até sexta- -feira, 7. Os organizadores do PosCom 2014, Hernani Heffner e Rita Gonçalo fazem uma análise da importância do debate sobre a comunicação nos dias atuais. A programação está disponível em pucposcom-rj.com.br.

O que é e qual o objetivo do PosCom?

Hernani Heffner: O PosCom é um encontro dos alunos de Pós-graduação em Comunicação Social, aberto a quaisquer alunos de universidades brasileiras ou estrangeiras dentro desse campo ou com trabalhos voltados para o campo. O encontro pretende apresentar anualmente uma espécie de súmula dessa produção, no momento em que ela está sendo desenvolvida e pensada pelos alunos. Envolve alunos de mestrado, doutorado e, de alguma maneira, como diversos encontros ou congressos de comunicação que existem, tenta direcionar um pouco o perfil e o seu conceito para um determinado campo ou área dentro do universo da comunicação. Como o PosCom é uma iniciativa dos alunos de pós-graduação da PUC, ele abre uma série de temáticas e de campos, mas fixa alguns como uma marca própria, como de seu campo natural de estudo. No caso da Pós- -Graduação em Comunicação, de um lado há um foco em consumo, uma discussão sobre as relações entre comunicação, consumo e sociedade e em como isso se dá em termos da sociedade brasileira atual. De outro lado, há um foco sobretudo no sujeito contemporâneo que vive em meio aos processos de comunicação estabelecidos a partir de tecnologias, apropriações e inserções na sociedade.

Como foi escolhido o tema deste ano, Comunicação e Transformação?

Hernani Heffner: A comissão de organização se reuniu em vários temas, questões e acontecimentos que foram pensados e discutidos, mas havia um consenso de que houve um grande fenômeno de comunicação no Brasil, no ano passado, que foram as manifestações. Embora seja um fenômeno extremamente recente, percebeu-se que era preciso indicá-lo, em alguma medida, como um desafio para a pesquisa em comunicação. É preciso procurar entender, talvez não exatamente agora, mas daqui para diante, o que foi e o que representou isso em termos de constituição de redes de comunicação alternativas ou independentes. Enfim, não há um termo ou um conceito definido para isso em relação às mídias tradicionais. Para nós, o importante é fixar e indicar que os processos de comunicação se tornaram, de um lado, extremamente relevantes na vida social atual e, de outro lado, provocam fenômenos históricos que precisam ser estudados dos mais variados pontos de vista e pelas mais variadas ciências.

Qual a importância do seminário para os alunos da Pós-Graduação?

Hernani Heffner: Eu acho que o ponto fundamental é: não dá para refletir no mundo atual sem entender os processos de comunicação. Não dá para você, por exemplo, abordar um filme apenas com a teoria filosófica, ou a teoria sociológica, ou a teoria biológica, e não perceber que o filme é, entre outras coisas, um fenômeno artístico e de comunicação, ou seja, que há uma forma de discussão interna que é própria e que, às vezes, é extremamente sofisticada, complexa e que envolve códigos. E envolve uma negociação no sentido de determinados símbolos da sociedade, que ele é um elemento participativo da sociedade numa escala que hoje você não pode ignorar.

Rita Gonçalo: Outro fator importante também é que o encontro vai possibilitar o debate para todas as pessoas que estarão presentes, porque não será só uma mesa com palestrantes, como um monólogo. O que nós estamos propondo é uma interação com o público, com os estudantes, com as pessoas de fora que se interessem por esses temas, que elas possam participar ativamente do debate conosco sobre um processo de comunicação, do qual todos nós fazemos parte. Eu acho que uma das motivações principais do encontro é justamente essa, promover o debate, as reflexões entre todas as pessoas.

Qual área dentro da Comunicação atraiu mais o interesse dos alunos? Alguma categoria teve maior número de inscritos?

Rita Gonçalo: Narrativas e Subjetividades, que casa perfeitamente com que o Hernani falou sobre a emergência do Facebook nos últimos anos, porque é uma ferramenta que possibilita a expressão da subjetividade ultimamente. Esse foi o GT que nós mais recebemos trabalhos e de diversas linhas, desde questões de gênero, atuação na cidade, as interfaces que o cidadão tem com a cidade, entre outros. Não só o Facebook, a linha de pesquisa conseguiu abranger mídias sociais em geral. E a internet como um todo é um fator que possibilita a expressão da subjetividade atualmente. São fatos que não víamos 10, 20 anos atrás, e possibilita a expressão por parte de qualquer cidadão. Isso é um fator interessante, porque todo mundo tem acesso.