Relação entre fé e vida
29 de setembro de 2017 as 06:30
Dom Joel Portella Amado. Foto: Matheus Aguiar
Entre terça, 3, e quinta-feira, 5, ocorre o VIII Simpósio de Teologia que, nesta edição celebra os dez anos da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe. Mais conhecida como Conferência de Aparecida, ela reuniu, em 2007, na cidade de Aparecida, em São Paulo, bispos da América Latina e do Caribe para discutir a realidade social, política e religiosa do continente. A cerimônia de abertura do simpósio será às 8h30, no Espaço Dom Luciano (antigo Salão da Pastoral), com o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, O.Cist., o Arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, e o Arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa. O coordenador do encontro, o bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Joel Portella Amado, professor do Departamento de Teologia, explica a relevância dos valores da Conferência de Aparecida.
Como foi a escolha do tema do simpósio?
Dom Joel Portella Amado: Em 2017, faz dez anos que ocorreu o que chamamos de Conferência de Aparecida. Essas conferências são um evento da Igreja Católica que ocorrem só na América Latina. Cada uma delas é a ligação entre a fé e a realidade, e o que Aparecida refletiu foi a realidade do início do século XXI. A intenção do simpósio é mostrar o que aconteceu dez anos depois. O evento, que reuniu a América Latina e o Caribe, produziu o Documento de Aparecida.
Qual a importância da Conferência de Aparecida para a Igreja no Brasil?
Dom Joel: Tem um elemento que, para nós, é muito interessante, que é a figura do Papa. Em Aparecida, ele era Arcebispo de Buenos Aires e presidente da Comissão de Redação. O que ele viveu em termos de América Latina está no Documento, de alguma forma, e ele, hoje, apresenta para o mundo todo. Embora feito para América Latina e o Caribe, é válido para o mundo inteiro.
Qual a proposta de relembrar como foi a Conferência?
Dom Joel: Essas conferências refletem sobre a relação entre fé e vida. A Conferência de Aparecida pega um mundo em transformação, cujas referências que existiam não existem mais. Não temos outras referências. Tecnicamente, chamamos isso de Mudança de Época. No final do século XX, houve uma ruptura entre realidade e fé. Hoje se pode viver a cultura ocidental, tranquilamente, sem fé. E, por sua vez, a fé percebe que pode ser vivida de outras formas em outras culturas. É isso que o Documento de Aparecida assume: o desafio de se viver a fé em um mundo que não é hegemonicamente cristão.
Quais temas serão discutidos?
Dom Joel: Em 2007, havia consciência ecológica, mas não se linkava com a fé. Hoje dá para linkar. Outro tema importante é a questão da intolerância, do respeito. Você vai ver que foram temas que cresceram e explodiram nos últimos dez anos. O que tem de novo é que o Papa Francisco, a partir da experiência já dita, juntou a luta pela justiça com a luta da ecologia. Ele publicou a Encíclica Laudato Si’, onde ele juntava as duas lutas. Quem luta pela ecologia tem que lutar pelo ser humano, pela justiça. Essa conexão é um problema novo. Como conectar ecologia com emprego e sobrevivência? Isso é uma perspectiva no mundo ecológico. O grande desafio é o mundo novo que está aí, e o que a Conferência de Aparecida nos questiona é sobre qual contribuição o cristão pode dar. Vamos dá-la em diálogo, colaboração e partilha.