Entrevistas

Semana de Direitos Humanos: Diálogo para a construção de um mundo melhor

Por: Nathalia Movilla

Semana de Direitos Humanos: Diálogo para a construção de um mundo melhor

Padre José Abel de Sousa e Patricia Gabrig

Desde 2018, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) promove a Semana de Direitos Humanos (SDH), com o objetivo de despertar o senso crítico dos estudantes da instituição e, sobretudo, o respeito ao próximo. Para esta quarta edição, que será realizada entre os dias 24 e 28 de maio, o tema escolhido foi Diálogo Para Quê?, de acordo com o tema da Campanha da Fraternidade 2021. Um dos idealizadores do projeto, o coordenador da Pastoral Universitária Anchieta, padre José Abel de Sousa, e Patricia Gabrig, analista de Comunicação da Pastoral, afirmam que o diálogo é o único caminho para a construção de um mundo melhor, e que, somente por meio dele, será possível construir uma humanidade consciente. Para participar, clique aqui.

A Semana de Direitos Humanos surgiu em um ano no qual o Brasil, especificamente, estava muito polarizado. Como foi a ideia do projeto na época?
Padre Abel:
Toda a Pastoral Universitária trabalha a partir dos direitos humanos, da interação entre os direitos humanos e valores cristãos. A polarização é algo muito complexo hoje em dia, sem dúvida. Pensamos que ela começou só em 2018, mas não, em 2014 já foi muito sério. Nós, da Pastoral Universitária, neste ano particularmente, com a Campanha da Fraternidade, trabalhamos em termos de favorecer de verdade o diálogo.

Como será esta edição da Semana de Direitos Humanos?
Padre Abel:
A Semana de Direitos Humanos compreende toda a Pastoral Universitária. Mas é mais do que isto, nós queremos envolver a SDH em toda a Universidade, em defesa dos direitos humanos. O tema direitos humanos não é coisa de esquerda, não é coisa de direita, tampouco, mas direitos humanos são para todos os seres humanos, todos nós. Brancos, negros, gays, lésbicas, héteros, ricos, pobres, flamenguistas, botafoguenses, vascaínos e tricolores. Todos. As religiões também, não só os católicos. É isto o que queremos, um diálogo amplo, respeitoso e construtivo.

Após três edições da SDH, é possível enxergar uma evolução?
Patricia Gabrig:
Pensando a nível PUC, sim. Mudou muito. Obviamente, 2018 foi um ano, politicamente falando, muito polarizado e politizado também. Nós, da Pastoral, gostamos de pensar pelo lado positivo, e houve um “acordar” para os assuntos de política. Foi um ano em que resolvemos lançar a Semana de Direitos Humanos exatamente por causa dessa polarização. A Pastoral sentiu o desejo de poder apresentar o que são, de fato, os direitos humanos.

Qual o objetivo do tema ‘Diálogo Para Quê’ da IV Semana de Direitos Humanos?
Padre Abel:
Este ano, que tem muita coisa ruim acontecendo, em referência à pandemia, é um ano que é marcado pelo centenário de nascimento de dois Paulos. Estes dois Paulos (o Paulo Freire e o Dom Paulo Evaristo Arns) têm uma conferência antiga, mas muito atual, na qual tratam o diabólico e o dialógico. Eu gosto muito de olhar para as etimologias das palavras, e o oposto de diálogos é diábolos. Se diábolo é aquele que divide, diálogo é entendimento, razão, interação. Então, Dialogar Para Quê é para construir um mundo melhor. Em um mundo de tanta divisão, de tanto ódio, muito bom – e creio que seja o único caminho – é o diálogo. Na universidade não é diferente. O professor ensina, mas também aprende.
Patricia Gabrig: A Semana de Direitos Humanos sempre bebe muito da Campanha da Fraternidade. Nós compreendemos demais que a Igreja e as instituições religiosas devem e podem ser promotoras dos direitos humanos. E a campanha deste ano fala exatamente sobre diálogo. Ao escolher o tema Diálogo Para Quê, queremos questionar: qual a importância dele? O que o diálogo pode construir? Percebemos que só o diálogo pode construir uma humanidade consciente, que respeite o meu e o seu ponto de vista. Não é cada um por si e com a sua opinião que construiremos a sociedade, é com o diálogo.

Qual a importância de iniciar este diálogo em uma Universidade?
Padre Abel:
Eu considero que o diálogo cabe em todo lugar. A universidade é uma grande oportunidade, porque ela é um universo, tem a ver com diversidade. Na PUC-Rio, não tem só o curso de Comunicação ou o de Teologia, não tem só o curso de Direito e Economia. Tem todos estes e muito mais. O diálogo é isso, olhar para o diferente e respeitá-lo e construí-lo.
Patricia Gabrig: A educação ilumina o mundo. Eu vejo essa importância. Nós estamos formando aqui pessoas da sociedade, futuros engenheiros, políticos, diversos cargos e profissões que precisam compreender que o assunto direitos humanos é você respeitar o próximo, garantir que aquela pessoa tenha uma dignidade. Só com o diálogo vamos fazer isto.

PROGRAMAÇÃO

SEGUNDA-FEIRA, DIA 24 DE MAIO
10h30. Abertura. Diálogo pra quê?
. Convidado: Profofessor padre Anderson Pedroso, S.J. (Vice-Reitor da PUC-Rio). Mediação: Patricia Gabrig (Gestora da Semana de Direitos Humanos)

11h. Diálogo para a construção do bem comum. Convidado: Professor padre José Abel de Sousa, S.J. (Coordenador da Pastoral Universitária Anchieta). Mediação: Walmyr Gonçalves (Cogestor do Setor Espiritualidade da Pastoral Universitária)

15h. Espiritualidade Franciscana e a luta pelos irmãos de Cristo. Convidado: Marcelo Lessa (Franciscano secular e graduando em Teologia/PUC-Rio). Mediação: Elaine Maria (Gestora do Setor Espiritualidade)

TERÇA-FEIRA, DIA 25 DE MAIO
11h. História do Tempo Presente e Direitos Humanos
. Convidada: Giselle Pereira Nicolau (Doutora em História Contemporânea (UFF). Mediação: Jaqueline Volotão (Graduanda em Serviço Social/PUC-Rio)

15h. Lançamento do Resenha Universitária. Felicidade no mundo acadêmico. Convidados: Bruno Albuquerque(Doutorando em Ciência da Religião/UFJF) e Alê Monteiro de Castro (Jornalista e doutoranda em ciências sociais). Mediadora: Elaine Maria (Gestora do Setor Espiritualidade)

QUARTA-FEIRA, DIA 26 DE MAIO
19h. Diálogo, racismo e intolerância religiosa
(Parceria com Articulação Afro Brasil S.J.). Convidados: Márcio Danilo Gomes (MAGIS Teresina) e Isaías Gomes, S.J. (Articulação Afro Brasil S.J). Mediadora: Tamyris Guedes (Ciências Socias/PUC-Rio)

QUINTA-FEIRA, DIA 27 DE MAIO
13h. A questão da moradia no Brasil: desafios para pensar em políticas públicas eficientes
(Parceria com a Liga de Políticas Públicas). Convidados: Larissa Montel (Gestora executiva do Projeto RUAS) e Donaldo Pedroso (Ocupação urbana Dandara)

17h. Ação dialógica e educação em Direitos Humanos: aproximações a partir de Paulo Freire. Convidados: Professor Renato Pontes Costa (Departamento de Educação) e Deisilucy Sequeira (Voluntária como assessora pedagógica no GAP e Mestranda em Educação/Unirio). Mediadora: Maria Mônica Oliveira (Voluntária como assessora pedagógica do GAP e Graduanda de Pedagogia/PUC-Rio)

SEXTA-FEIRA, DIA 28 DE MAIO
15h. Encerramento. O teatro, a escuta e a memória: caminhos para uma vida libertária
. Convidados: Carolina Chalita (Atriz e graduanda de Artes Cênicas/PUC-Rio). Mediador: Maurício Fernandes (Gestor do projeto FEVUC)