Entrevistas

Semana de Filosofia mostra as fronteiras com outras disciplinas

Por: Julia Amoêdo

Semana de Filosofia mostra as fronteiras com outras disciplinas

Julia Novaes e Maria Eduarda Capotorto promovem troca de conhecimento entre os mestrandos e doutorandos de Filosofia no Brasil. Foto: CAIO MATHEUS

Com a apresentação de 80 trabalhos, divididos em 22 mesas, a Semana dos Alunos de Pós-Graduação em Filosofia da PUC-Rio (SAF) vai ser realizada de 21 a 25 de agosto. Organizado pelos discentes do PPGFil, o encontro promove a interação entre mestrandos e doutorandos de diversas universidades do Brasil. A XXIV SAF será em formato híbrido, pela plataforma Zoom e em diferentes locais do campus. A palestra de abertura será com o professor Luiz Camillo Osorio, do Departamento de  Filosofia, e, na programação, haverá  conferências com professores da PUC-Rio e de outras instituições. As alunas Julia Novaes, que estuda História da Filosofia Antiga, e Maria Eduarda Capotorto, que pesquisa na área de Estética, fazem parte da organização da Semana. Para elas, a SAF é importante para a integração dos discentes e uma oportunidade para que todos façam análises e reflexões sobre os assuntos explanados. Mais informações no Instagram @filopucpos ou no site. Os links das salas on-line serão enviados para quem se inscrever.     

Nesses 24 anos de existência, como a SAF se mantém relevante? 

Julia Novaes: A SAF sempre é realizada por iniciativa dos estudantes da Pós-Graduação e começou para que os alunos da PUC-Rio se conhecessem. São poucas pessoas na pós-graduação em relação aos números da graduação. É um trabalho intensivo de pesquisa, muitas vezes você acaba de fazer as aulas e não conhece todo mundo. Quando criada, a Semana era um momento para alunos da instituição  conversarem entre si sobre os temas de seus estudos, mas, um tempo depois, o encontro abriu para outras universidades do Rio. Agora, com o recurso híbrido, a SAF se abriu para o Brasil todo. Eu acho que a importância é dupla: retomar a atividade presencial na Universidade e honrar o objetivo de fazer com que a gente se conheça.

Maria Eduarda Capotorto: A SAF é o momento de ter essa troca, de conhecer outras pessoas também. Eu acho que garante uma autonomia muito interessante aos alunos. Tenho visto isso no grupo que está organizando, essa união e vontade de fazer uma coisa legal e pensar em como vamos coordenar as mesas da melhor maneira para ser produtivo. Com certeza, tem um fortalecimento do grupo de alunos. 

Como é feita a organização da Semana? 

Maria Eduarda: É um conjunto de experiências de cada um, mas também há uma passada de bastão de quem participou de edições anteriores para os novos organizadores. 

Julia: A SAF historicamente é realizada no mês de maio, mas desde a pandemia a gente não está conseguindo manter esta data. Organicamente, alguém em fevereiro manda uma mensagem dizendo que “precisamos começar a organizar”.  É uma obrigação que algumas pessoas assumem.

Das 130 propostas enviadas por pesquisadores, apenas 80 foram aceitas. Como foi feita a seleção? Há algum tema em comum entre os trabalhos escolhidos? 

Julia: Foi um pouco desesperador, porque todo mundo se inscreveu nos últimos dias do prazo. Então, conforme foi se aproximando a última semana, eram várias propostas por dia. Já tínhamos estabelecido alguns critérios antes, e o priorizamos foram as mesas presenciais e o horários que tínhamos disponíveis. Acredito que, pelo menos nos últimos cinco anos, esta talvez seja a maior SAF. 

Maria Eduarda: Foi um jogo de encaixar os horários e compor mesas que fizessem sentido, para que as pessoas pudessem trocar entre si. A filosofia é muito diversa, as mesas têm tema, mas o evento como um todo, não. 

Por que a escolha do tema das conferências “Os tempos e as formas de tecnologia”?

Maria Eduarda: No departamento há diversas áreas temáticas, a gente queria um assunto que as contemplasse e que fosse interessante para o maior grupo de alunos e docentes, além de algo que fosse contemporâneo. A gente pensou nas tecnologias, já que atualmente é um assunto estudado por muitas pessoas no departamento. Esta foi a nossa tentativa de conseguir várias áreas para tratarem do mesmo tema a fim de ampliá-lo.

Qual a importância da Semana para a produção e divulgação de pesquisas acadêmicas?

Maria Eduarda: Sempre que você fala um pouco sobre o seu tema, você também se escuta de uma outra forma. Às vezes, ouve apontamentos e perguntas que, por estar tão imerso na própria pesquisa, nunca tinha feito. Esta troca é interessante. 

Julia: A SAF, nesse sentido, é essencial para o estudo dos alunos, porque a pesquisa é um trabalho solitário. Quando você se propõe a fazer uma apresentação para os seus pares, você se aproxima do seu tema de uma maneira diferente. Há um elemento retórico que, às vezes, te força a formular o problema, a pergunta central, de uma maneira diferente. Isto traz novos insights. 

Como as palestras da SAF podem ser importantes para os alunos de outros departamentos? 

Maria Eduarda: É muito no sentido do que interessa àquela pessoa. Por exemplo, a segunda-feira vai ser completamente dedicada à Estética, que é uma área muito afim à arte. Assim, as pessoas que são das Artes ou das Letras podem se interessar pelas palestras deste dia. A Filosofia pode te fazer pensar de uma nova maneira, dependendo dos seus gostos pessoais e acadêmicos, com certeza alguma coisa pode chamar a atenção. 

Julia: Citando minha orientadora, a gente tem várias filosofias. É difícil definir o que é Filosofia, ela está sempre na fronteira com outras disciplinas.