Semana de Meio Ambiente: Um testemunho do compromisso ético socioambiental da PUC-Rio
Por: Maria Clara Aucar
31 de maio de 2021 as 06:30
Nos dias 1º e 2 de junho, a XXVII Semana de Meio Ambiente da PUC-Rio discutirá o tema Ética socioambiental nas universidades em tempos de pandemia. A proposta do encontro on-line, organizado pelo Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA), é refletir sobre o papel das instituições de Ensino Superior neste momento de isolamento social. A abertura da semana ocorrerá no dia 1° de junho, às 9h45, e contará com a participação do Grão Chanceler da PUC-Rio, Cardeal Dom Orani João Tempesta O.Cist., do Reitor da PUC-Rio, Padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., do Vice-Reitor da PUC-Rio, Padre Anderson Antonio Pedroso, S.J., e do diretor do NIMA, professor Luiz Felipe Guanaes. Para participar dos encontros, clique nos links abaixo:
– Primeiro dia (1º de junho)
– Segundo dia (2 de junho)
Como você define a proposta desta edição da Semana de Meio Ambiente?
Luiz Felipe Guanaes: Eu não diria que é uma Semana de Meio Ambiente alegre; é uma semana consciente, de atenção. Não tem nenhuma euforia, mas com um foco na nossa capacidade de agir, em como as redes estão trabalhando em cima desta problemática e o apoio efetivo às pessoas que sofreram tanto. Eu diria que é uma responsabilidade social da Universidade. Esta semana é feita com o apoio da Reitoria, dos próprios decanos; houve uma certa intencionalidade, da instituição como um todo, de se expressar um pouco em um momento tão difícil.
O que se entende por “ética socioambiental”?
Luiz Felipe Guanaes: O fundamento de tudo é a Laudato Si’, a encíclica papal. Na Laudato Si’, existe a questão da ecologia integral, que é uma união. Não há diferenciação entre uma questão social e uma ambiental; estão sempre integradas. A ética socioambiental seria a postura que você deveria ter nesta relação entre sociedade e meio ambiente.
Qual é o papel da universidade neste tema?
Luiz Felipe Guanaes: Na verdade, em uma perspectiva da ética, é como as universidades jesuítas estão olhando a própria resposta em relação à pandemia. O pano de fundo é um testemunho do compromisso ético socioambiental da PUC-Rio, frente a este desafio monstruoso que a sociedade vive. Nós não estamos à parte disso; estamos ativos no que somos capazes de fazer. Os quatro decanos da PUC-Rio promoveram um levantamento dentro dos seus centros para identificar as principais linhas de pesquisa desenvolvidas no sentido de enfrentamento desta questão. É uma forma de nos alinharmos com a problemática. O que antecede os decanos, nos dois dias, são visões desta ética socioambiental na perspectiva da pandemia, em diferentes dimensões.
Como foi montada a programação?
Luiz Felipe Guanaes: Primeiro tem o padre Josafá que, além de Reitor, é especialista em ética ambiental. Ele tem uma contribuição para nos dar, parâmetros éticos para esta relação da Universidade, as suas pesquisas e o problema real que está acontecendo. Em sequência, no primeiro dia, tem o Pier Sandro Cocconcelli. Ele é um parceiro da PUC, de uma rede criada no ano passado chamada SACRU, com oito universidades católicas que buscam uma integração com grandes projetos de pesquisa e potencializar a capacidade de pesquisa e de solução de grandes problemas. Logo depois, tem o presidente da AUSJAL (padre Luis Arriaga S.J.), que é a Associação de Universidades Confiadas à Sociedade de Jesus na América Latina. Finalmente, tem o pé no chão, ou seja, quem está enfrentando os verdadeiros problemas da pandemia: os centros sociais da Igreja e os centros sociais jesuítas espalhados pela Amazônia. Existe toda uma estrutura que está vivendo problemas seríssimos. A intenção da participação do Felipe Lacerda, do Olma, é trazer a realidade para dentro do campo, com o objetivo de sensibilizar professores e alunos para ações, pesquisas, e assim por diante. No segundo dia, teremos o privilégio enorme de sediar um ato público de percepção da transcendência do momento e de percepção da dor que as pessoas estão vivendo. Teremos uma missa rápida, do Dom Orani, em nome de todas estas pessoas – porque é estranho falar de pandemia e não reconhecer que, por trás disso tudo, há dor.
Como foi a escolha dos convidados?
Luiz Felipe Guanaes: São redes reais e nós estamos totalmente envolvidos nestas redes. Por exemplo, temos vários representantes da PUC-Rio no SACRU. O Pier Sandro Cocconcelli, que vai fazer a palestra, é secretário executivo do SACRU, então eu troco experiências com ele a cada 15 dias. O presidente da AUSJAL é o nosso chefe; a PUC-Rio coordena a rede de meio ambiente e sustentabilidade da AUSJAL, portanto, foi um convite ao nosso chefe. E a Universidade faz parte do conselho executivo do Olma. Na verdade, tudo aquilo ali é PUC-Rio, todos são institucionalmente relacionados com a Universidade. Por isso, não é um evento externo. Pela seriedade do momento, achamos mais lógico trazer a voz desses parceiros: a voz do campo, no meio da Amazônia, com o Felipe Lacerda; a voz das universidades da AUSJAL; a voz do SACRU e a voz do nosso Reitor.
A questão do meio ambiente ficou em segundo plano na pandemia?
Luiz Felipe Guanaes: Nós estamos vivendo um momento muito difícil no país. A questão ambiental está totalmente relegada à inexistência. Mas isto não tem nada a ver com a pandemia. Eu acho que, de qualquer forma, mesmo que a questão ambiental estivesse funcionando de forma positiva, a pandemia teria um peso enorme. E existe uma percepção subliminar de que este tipo de processo, de fundo biológico, acaba sendo decorrência de desequilíbrios que nós não temos dimensão; das conexões entre as coisas e a complexidade destas conexões. A pandemia é expressão de uma crise ambiental e, evidentemente, é socioambiental.