O Laboratório de Humanidades Digitais realiza na quinta-feira, dia 29, o I Colóquio de Humanidades Digitais da PUC-Rio no auditório do RDC. Das 9h às 18h, professores e pesquisadores das áreas de Ciências Sociais e Humanas vão debater sobre temas relacionados ao Direito, regulação de novas tecnologias, algoritmos, coletas de dados, entre outros. Uma das coordenadoras gerais laboratório, professora Monica Herz, e a coordenadora acadêmica, professora Luísa Lobato, comentam que as tecnologias digitais podem auxiliar na criação de novas metodologias que facilitam as pesquisas e promovem uma divulgação maior dos resultados. O Colóquio marca o retorno das atividades presenciais do Laboratório e será transmitido simultaneamente pelo YouTube.

Como surgiu a ideia de realizar o Colóquio de Humanidades Digitais?
A ideia de realizar um evento como esse surge da necessidade de oferecer espaços de diálogo dentro da PUC-Rio capazes de reunir esforços de pesquisa envolvendo o papel e lugar das tecnologias digitais nos diferentes campos das humanidades e das ciências sociais, e de identificar possibilidades de colaboração institucional e interinstitucional. Além disso, a realização do Colóquio marca a retomada das atividades presenciais do Laboratório de Humanidades Digitais após praticamente dois anos de pandemia. 

Qual é o objetivo deste seminário?
O Colóquio possui uma dupla finalidade: reunir, no âmbito da universidade, diferentes esforços de pesquisa e debate crítico sobre o papel das tecnologias digitais nas humanidades e nas ciências sociais e, ao mesmo tempo, dar seguimento ao diálogo que existe entre a PUC-Rio e instituições atuando nesta área no Rio de Janeiro, no Brasil e no mundo. Dessa forma, o objetivo mais amplo é de fato oferecer esse espaço para debate interdisciplinar, tanto no âmbito da universidade, quanto com pesquisadores em outras instituições, a partir do qual tópicos atuais e urgentes envolvendo essa interseção entre o digital e o humano possam ser debatidos.

Quais são os principais desafios que a sociedade enfrenta hoje em relação às mídias digitais e banco de dados?
Os desafios são inúmeros e bastante complexos. Do ponto de vista das humanidades e ciências sociais, podemos pensar em debates que vão desde à regulação (ou não) desses artefatos e mídias, o que inclui temáticas como ética e regulação de inteligência artificial e regimes de proteção e exceções à mineração de dados, até seus impactos no sistema democrático. Esses desafios também incluem, por exemplo, o modo como essas tecnologias moldam nossa compreensão do mundo, de nós mesmos e nossa relação com a alteridade. Ao mesmo tempo, há também todo um universo de possibilidades que perpassam o uso de métodos e estratégias de pesquisa viabilizadas por essas tecnologias, cujas oportunidades, limites e desafios também precisam ser melhor compreendidos.

Como as pesquisas que envolvem tecnologia digital podem contribuir para as Ciências Sociais e Humanas?
É uma contribuição de mão dupla. Por um lado, pesquisas envolvendo essas tecnologias contribuem diretamente no desenvolvimento de novos métodos e metodologias de pesquisa, e na identificação de novos campos de estudo, com base em fenômenos viabilizados ou possibilitados especialmente pela inserção das tecnologias digitais em diferentes campos da prática. Podem, ainda, agregar ao portfólio das humanidades ao oferecerem possibilidades únicas de difusão da pesquisa e de interação com os mundos acadêmicos e não-acadêmicos, através, por exemplo, da criação de bases de dados que podem ser tornadas públicas e compartilhadas com outros pesquisadores; do desenvolvimento de apps visando contribuir com problemas centrais a diferentes áreas; e da criação de espaços interativos para exposições, intervenções artísticas e construção de conhecimento. Por outro lado, as Ciências Sociais e Humanas trazem um olhar crítico e reflexivo necessário ao desenvolvimento e uso de tecnologias digitais, não apenas levantando questões éticas, sociais e políticas fundamentais para compreendermos seu uso e impacto na sociedade; mas, fundamentalmente, propondo alternativas políticas para tal.