Entrevista

Centenário de uma paixão crítica

Centenário de uma paixão crítica

Para comemorar o centenário do escritor mexicano Octavio Paz, os Departamentos de Letras, História e Filosofia vão promover, de terça-feira, 30 de setembro, a quinta-feira, 2 de outubro, no Auditório padre José de Anchieta, o seminário Paixão crítica: 100 anos de Octavio Paz. A obra do escritor é composta de consagrados versos e um vasto ensaísmo sobre arte, modernidade, amor, história, filosofia, identidade nacional e outros temas. O diretor do Departamento de Letras, professor Karl Erik Schollhammer, conta como será o seminário, que terá a participação de escritores e pesquisadores nacionais e internacionais, assim como da Embaixadora do México no Brasil, Beatriz Paredes. As apresentações do seminário serão reunidas em uma publicação, com lançamento previsto para o ano que vem.

Quais as atividades programadas para o seminário e quem são os convidados?

Karl Erik Schollhammer: Tanto para a escolha das pessoas quanto para a escolha dos temas, houve um esforço de refletir, no seminário, a variedade e a multiplicidade dos temas abordados por Octavio Paz, tanto na existência da obra poética como na ensaística. A ideia é fazer um seminário que tenha a participação de pessoas do Brasil e do exterior. Além disso, queríamos que tivesse pesquisadores que são especialistas e dedicam sua pesquisa à obra de Octavio Paz, e, ainda, pessoas, professores, pesquisadores, escritores que, mesmo sem se dedicar exclusivamente a Octavio Paz, gostam dele e se dispuseram a dedicar uma parte de seu trabalho a um determinado assunto dentro da obra ou biografia dele. Essa dupla via é importante para não acabar fazendo uma missa canonizada de Octavio Paz. A abordagem bibliográfica também é importante porque ele foi uma pessoa muito presente na vida do México e na discussão da América Latina. A atuação dele como intelectual é fundamental.

Qual a importância de Octavio Paz, e por que a obra dele é importante para as áreas de conhecimento História, Filosofia e Letras?

Schollhammer: O seminário tem como objetivo colocar em contato as pessoas que estudam a obra de Paz para que haja uma troca de conhecimentos. É tentar estabelecer uma ligação e um diálogo em torno da obra de Octavio Paz, independente da abordagem que é feita. O interessante em Octavio Paz é que ele é uma figura muito peculiar por não ser um acadêmico, mas sim um ensaísta. Ele é um crítico que contempla todos os temas que considera de importância. Não apenas a poesia e a estética, mas as artes em geral, a política, a história, a mitologia, o cinema. A obra completa dele traz essa multiplicidade de temas. Mas ele faz com uma propriedade que acaba sendo relevante para nós que somos marcados por um perfil mais disciplinar. Ele é lido nessas áreas todas com a mesma importância. E o ensaísmo é justamente isso, se debruçar sobre os temas mais variados sem o compromisso disciplinar, sem se consagrar numa figura de especialista. O que me parece ser um desafio extremamente saudável. A figura do ensaísta é aquele que consegue transitar pelas fronteiras dos saberes.

De que forma o seminário atualiza a obra de Octavio Paz?

Schollhammer: O seminário é uma provocação à releitura. O que é muito bom, porque possibilita que as pessoas enxerguem com outros olhos, a partir de um novo ponto de vista. Por isso, o seminário é muito mais do que uma comemoração pelo centenário de nascimento de Octavio Paz, mas a oportunidade de rever o que interessa na obra dele.