Entrevista

Sebo Solidário volta aos pilotis

Por: Maria Fernanda Firpo

Sebo Solidário volta aos pilotis

Foto: Gabriel Meirelles

O Sebo Solidário retorna para os pilotis da Ala Kennedy, entre os dias 28 de março e 1º de abril, das 9h às 17h. Nesta temporada, o vale-livros vai ser de R$ 20, e, para aproveitar a oportunidade, professores e funcionários precisam mostrar o crachá enquanto os alunos bolsistas devem apresentar um documento que comprove o auxílio. O valor dos livros será de R$ 5 a R$ 25, e todo lucro será direcionado para a obra social Costura e Lactário Pró-Infância (CELPI). A doação de livros pode ser feita diretamente na sede da CELPI, na Rua Bambina, 160, em Botafogo. A professora Mariana Albuquerque, do Departamento de Economia, que é voluntária, dá detalhes de como funciona esse trabalho. Ela observa que apenas livros em bom estado devem ser entregues, e que títulos ultrapassados não são aceitos.

Após dois anos sem o sebo, qual é o sentimento de retornar?
Mariana Albuquerque –
É muito bom poder retornar ao campus da PUC. O sebo não parou de funcionar, toda quarta-feira nós temos na sede da CELPI um bazar, que vende de tudo, e também abrimos uma sala que funciona como loja dos livros. Além disso, vendemos livros pelo Instagram. Mas sentimos muita falta da PUC, não só porque vendemos muito, mas também porque tem uma energia muito boa, por ser um público muito jovem e entusiasmado com a leitura. É engraçado, porque todos os voluntários que vão para o campus ficam encantados, porque vendemos muito e para muita gente jovem. E o primeiro comentário é sempre o mesmo: que não imaginava que gente jovem ainda lesse tanto.

Como vai funcionar o vale-livros?
Mariana –
Em geral, os professores e funcionários se identificam com crachá e o aluno bolsista precisa se identificar na hora da compra. Nessa temporada, o vale-livros vai dobrar para R$ 20 e, assim, conseguimos doar cerca de mil livros para quem tem direito ao vale-livros.

Como funciona a doação dos livros?
Mariana –
Recebemos as doações na CELPI e basta trazer o livro e doar. O centro abre de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Recebemos doações todos os dias e o dia inteiro. Graças a Deus, quase sempre, quando toca a campainha é alguém querendo doar um livro para a gente. Vale ressaltar que na CELPI aceitamos doação de todo o tipo: roupa, acessório, roupa de cama e até objetos de decoração, porque, além do bazar, uma parte do que a gente recebe é destinado a famílias.

Existe alguma recomendação para as pessoas que querem doar livros?
Mariana –
Pedimos que sejam livros em bom estado. É claro que os livros são usados, mas pedimos para não nos enviar livros rasgados, é melhor mandar logo para uma reciclagem. Também pedimos que, especialmente livros técnicos, não estejam ultrapassados. Nós não temos conhecimento se o livro ainda está atual. Mas se a pessoa sabe que o livro não serve mais, pedimos para que ela dê outro destino e não doe para a CELPI. Isto porque vendemos livros para estudantes e professores de baixa renda, então, mesmo que seja barato, temos a preocupação de evitar que a pessoa compre um livro que não possa ser usado.

Quantos livros estarão à venda?
Mariana –
Não temos um número exato, no entanto, estamos sempre renovando o nosso estoque e levamos livros para repor o tempo todo. O dia inteiro fazemos reposição das vendas. Saiu um livro, colocamos outro no lugar.

Quais serão os valores dos livros?
Mariana –
Os preços variam entre R$ 5 e R$ 25. A maioria deles custa de R$5 a R$10. Os livros de R$15, R$20 e R$25 são, normalmente, os de capa dura e edições especiais.

Qual o destino do lucro do Sebo Solidário?
Mariana –
Todo o lucro vai para a CELPI. O único gasto que temos é com o frete para levar os livros até a PUC e trazê-los de volta para a CELPI. Todos os trabalhadores são voluntários. Temos um resultado muito bom porque não precisamos pagar ninguém. A PUC empresta as mesas e o lugar é cedido, por isso, nós somos muito gratos à PUC por dar a oportunidade ao nosso sebo de passar uma semana em um lugar com grande fluxo de leitores sem precisar pagar nada.

Como é possível se tornar um voluntário deste projeto?
Mariana –
Qualquer um pode se voluntariar, basta aparecer e dizer que quer ser voluntário. Há muitas frentes de trabalho na CELPI, é preciso ver com a coordenação de cada equipe se ainda existem vagas. Tirando os funcionários, ninguém trabalha aqui o dia inteiro. Se a pessoa conseguir ficar só uma hora por semana, para nós já é suficiente. A única coisa que pedimos é que a pessoa tenha um compromisso com os dias e horários.

Quando você decidiu trazer o sebo para a PUC?
Mariana –
Posso dizer que sou voluntária da CELPI desde pequena, já que ela era ligada ao meu antigo colégio. Um dia, meu pai decidiu desmanchar uma estante de livros na minha casa e colocou vários livros de economia, sociologia e política para doação. Nessa altura, eu já trabalhava na PUC, então decidi fazer uma lista de livros com os preços e passei para os professores do Departamento de Economia. Rapidamente, consegui vender todos os livros. O sebo ainda não existia com a estrutura de hoje, mas a comunidade da PUC-Rio já era nosso comprador. Um dia, veio a ideia de organizar o sebo na PUC, então decidi ir à Reitoria pedir para fazer o sebo nos pilotis, mas nunca imaginei em fazer nada de graça. Quando eles cederam o espaço e toda uma estrutura para a realização do sebo, fiquei encantada, principalmente por ter sido tão acolhida pela Universidade, que viu valor em nosso trabalho. Com essa oportunidade, percebemos que um trabalho que tinha como primeiro objetivo criar fundo para a CELPI estava ajudando um mundo de gente que comprava livros bons por preços acessíveis. Vimos que é um trabalho de mão dupla, porque as pessoas ajudam a CELPI ao comprarem os livros e nós ajudamos a democratizar o acesso à leitura, que é algo muito importante para o nosso país.