Diversidade temporal nos debates
18 de maio de 2018 as 06:30
O professor Pedro Duarte, do Departamento de Filosofia, é Coordenador do encontro este ano. Foto: Gabriela Azevedo
O 9° Encontro do Grupo de Trabalho (GT) de Estética da Associação Nacional da Pós-graduação em Filosofia (ANPOF) ocorre de terça, 22, a quinta-feira, 24, no Instituto Moreira Salles, na Gávea. Coordenador do grupo de trabalho, o professor Pedro Duarte, do Departamento de Filosofia, comenta sobre a parceria da PUC com o IMS, que vai sediar o encontro, realizado a cada dois anos. A reunião terá mesas de discussão com professores e alunos da pós-graduação e a exibição do filme No intenso agora, com o diretor João Moreira Salles.
Como surgiu a parceria com o Instituo Moreira Salles e qual objetivo do encontro?
Pedro Duarte – É a primeira vez que o encontro é realizado no IMS, e, alguns anos atrás, quando professores da UFF que estavam coordenando o encontro, eles tiveram a ideia de fazer no Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Niterói, e foi essa referência de parceria que nos inspirou a procurar o IMS. O objetivo desta série de encontros, que é sempre renovada, é manter uma troca de ideias constante entre os pesquisadores de estética e filosofia da arte no Brasil. E nos encontramos, de fato, para debater um texto que está previamente disponível no site do encontro, e duas pessoas são designadas como principais para debater aquele texto. Depois é aberto o debate geral. Não há a tradição de uma leitura subsequente de inúmeros textos.
Os temas deste ano vão abordar a cultura brasileira nos anos 60, a estética alemã e a crítica de arte, por que a escolha destes temas?
Duarte – Pensamos os temas a partir das pesquisas, palestras e das propostas das pessoas, temos essa ideia de acompanhar as pesquisas e tentamos organizar isso. Mas dos três eixos fundamentais, especialmente do primeiro dia, há um esforço de cada vez mais tentar destacar uma reflexão filosófica sobre os objetos culturais brasileiros, por parte de algumas pessoas que trabalham na estética atualmente, o que até tempos atrás não era tão comum. Há também um desejo que o GT em estética não seja voltado somente para ele mesmo, mas uma ideia de puxar, inclusive, uma conversa com as pessoas que não necessariamente fazem filosofia e que não necessariamente sejam especialistas no assunto.
O robô Hal 9000, do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick, aparece nas peças de divulgação do encontro. Por quê? E qual a influência da tecnologia na geração de pesquisadores do GT?
Duarte – Quem elaborou as peças foi o professor Vladimir Vieira, da UFF, que é designer e trabalha com Filosofia da Arte e Estética. Eu não sei o que ele pensou, mas posso arriscar que, além de uma referência específica ao Stanley Kubrick, é aniversário de 50 anos do filme 2001: Uma Odisseia no Espaço. Acredito também que tem a ver com o tema de duas das mesas, sobre arte e tecnologia, e das implicações que isso tem. Alguns pesquisadores vão abordar séries de TV, redes sociais e como a modernidade influencia na arte.
Em 2018, a Tropicália completa 50 anos, e o movimento é o tema ministrado pelo senhor em uma das mesas. Quais os pontos que o senhor pretende enfatizar nesta discussão?
Duarte – O que eu vou abordar na discussão tem muito a ver com o livro que vou lançar para a coleção O livro do disco, provavelmente no dia 11 de junho. De certa maneira, esse meio século do disco Tropicália ou panis et circenses, que é o ponto fundamental daquilo que eu vou falar, serve ao mesmo tempo para mensurar a distância e proximidade que temos daquele momento. Para, especialmente, nos perguntarmos que tipo de interpretação do Brasil ou de possibilidades do Brasil foram abertas naquele momento. Além disso, é importante nos questionarmos não só quais dessas possibilidades abertas nós podemos aproveitar mas também o que nós perdemos. E, ainda, o que já parece ter se fechado.