Entrevistas

Nomeação do Conselho de Identidade e Missão da PUC-Rio

Por: Gabriel Meirelles

Nomeação do Conselho de Identidade e Missão da PUC-Rio

O Reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., vai nomear o Conselho de Identidade e Missão da PUC-Rio (CIM) nesta semana. Segundo o Vice-Reitor Geral da PUC-Rio, padre Anderson Antonio Pedroso, S.J., o projeto retornará às atividades com a intenção de ouvir e planejar o futuro da Universidade nos próximos 20 anos. Para isto, os alunos (atuais e futuros) vão estar no centro das discussões. Padre Anderson acredita que a “marca” de uma instituição está ligada não só à tradição, mas também à forma de se atualizar. Assim, o Conselho se debruçará sobre questionamentos fundamentais para a atualização e o desenvolvimento da PUC-Rio, como o destino dos recursos, o impacto que a Universidade pretende alcançar e o diferencial que ela deseja imprimir na Academia.

O que é o Conselho de Identidade e Missão (CIM) da PUC-Rio?
Padre Anderson:
Antes, é preciso recordar que este é o caso da PUC-Rio, é uma universidade católica, de caráter pontifício, que confia sua alta gestão à Companhia de Jesus (os jesuítas). Os Conselhos de Identidade e Missão (CIM) fazem parte de iniciativas inovadoras que estão se consolidando nas cerca de 195 universidades confiadas aos jesuítas no mundo. Assim, os Conselhos de Identidade e Missão são, ao mesmo tempo, um instrumento de integração com as demais universidades jesuítas e uma instância de discernimento necessária a cada uma das instituições.

Como o CIM funciona?
Padre Anderson:
Na verdade, estamos recomeçando, e, por isso, nossa proposta é de exercer uma função articuladora, por meio de uma gestão participativa, para que haja uma ação efetiva. Na prática, o Conselho vai se reunir sistematicamente para primeiro ouvir a comunidade, e, em seguida, ajudar a delinear, com todos os membros da Universidade, uma visão de futuro da PUC-Rio. A proposta é motivada por um pensamento sistêmico, atento às tendências de futuro, uma visão da PUC daqui 20 anos – a PUC-Rio 2040. De um ponto de vista formal, a estrutura e o funcionamento do Conselho de Identidade e Missão (CIM) não devem se limitar a um novo organismo conduzido pela Vice-Reitoria geral, isto fugiria de um modelo sistêmico. Sabemos que somente o que é sistêmico, isto é, que não se setoriza, pode entrar na “corrente sanguínea” da Universidade. A inovação só acontece de fato em um “ecossistema” que, além de dinâmico, seja projetivo. Do ponto de vista estratégico, é preciso primeiro ouvir a comunidade (todos os membros da Universidade), e, em seguida, ajudá-la a delinear uma visão de futuro. Para isto, precisamos estar convencidos de que é o usuário, ou os destinatários, isto é, os alunos (atuais e futuros), que devem estar no centro. E se eles são as pessoas mais importantes, podemos perguntar: O quanto o olhar do aluno atual estará presente na projeção desta visão de futuro da Universidade? E o quanto as inquietações e projetos dos alunos futuros estarão representados na PUC-Rio 2040? Neste sentido, a metodologia é fundamental: podemos, sim, pensar em “fóruns” para garantir a participação de todos na constituição desta visão. Mas podemos ir além, utilizando uma metodologia de projeção de cenários futuros, que mobilize a capacidade criativa dos agentes atuais, colocando em foco a categoria da experiência dos destinatários (alunos atuais e futuros).

Quem vai fazer parte do conselho a partir desta semana?
Padre Anderson:
É função do Vice-Reitor presidir o Conselho de Identidade e Missão. Assim, conversando com o Reitor, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., apresentei uma primeira lista de nomes. Ele já tinha pensado em algumas pessoas – e coincidimos em vários dos nomes. Foi um processo de discernimento. Enfim, o Reitor deliberou que, para os próximos dois anos, seremos 14 membros do Conselho de Identidade e Missão: eu, padre Anderson Antonio Pedroso, S.J., Augusto Sampaio, Daniela Vargas, Elaine Azevedo Maria, Glória Fátima Costa do Nascimento, Gustavo Robichez, padre Heitor Carlos Santos Utrini, Jackeline Lima Forbiarz, Leandro de Barros Silva, Lilian Saback, Marcello Congro da Silva, Marcelo Gattass, Maria Clara Bingemer e Patrícia Rodriguez.

Qual é a importância de se pensar constantemente a identidade e a missão da Universidade?
Padre Anderson:
Cada instituição tem própria identidade. A identidade tem a ver com a herança, a tradição, a herança recebida, a “marca” institucional adquirida; mas, também, com a forma como a mesma instituição se recria, se reinventa, se atualiza. No caso da nossa PUC-Rio, encontramos os traços fundamentais de sua identidade (neste sentido aberto e projetivo) nos Estatutos e o Marco Referencial são seus documentos fundamentais. Assim, acredito que, com a análise da conjuntura atual provocada pela pandemia da Covid-19, e diante os desafios que se anunciam para os próximos anos, estes documentos inspiradores devem iluminar e propiciar uma visão de futuro que busque responder à questão: Como pode ser a PUC- Rio em 2040? Esta visão é, na verdade, um referencial esperado por parte da comunidade acadêmica e institucional, uma tentativa de resposta a questões emblemáticas que nos são colocadas com maior ênfase no novo contexto que a pandemia tem gerado. Trata-se de uma tarefa urgente, um desafio que se apresenta a todas as grandes instituições que tomam a sério as profundas mudanças que o mundo está vivendo.

Para o senhor, qual é a principal missão da PUC-Rio?
Padre Anderson:
Prefiro responder de maneira mais específica: qual é a missão da PUC-Rio hoje? A resposta não é fácil, mas passa por um esforço conjunto de todos os membros da Universidade para delinear (design) uma visão de futuro da PUC-Rio. A visão apontará para grandes objetivos estratégicos que a médio e longo prazo devem nortear as funções substantivas da Universidade. Ela poderá elaborar uma espécie de Agenda Institucional, pela qual a comunidade educativa poderá estabelecer as práticas de gestão educacional, pedagógica e administrativa mais adequadas.

O que deve ser feito na Universidade para alcançar este objetivo?
Padre Anderson:
Creio que, antes de tudo, é necessário adotar uma atitude fundamental de escuta. Na prática, trata-se de deixar-se questionar por algumas questões que são colocadas a todas as instituições de ensino superior:

  • Como nos propomos que seja a universidade no futuro?
  • Onde seus esforços e recursos devem ser concentrados?
  • Qual será o impacto que esta Universidade deseja alcançar?
  • E qual é o caráter diferenciador da sua atividade acadêmica?
  • Qual sociedade – diga-se também cidade – queremos ajudar a construir?
    Três linhas de força podem se projetar desta atitude de escuta:
    1ª) O diálogo maduro entre todos os membros da Universidade – o que supõe uma liberdade maior, isto é, de repensar a própria maneira de ser (identidade), numa disposição de construir um futuro com sentido comum (missão).
    2ª) A cultura de projeto. Mais importante que o produto final, é a cultura de projeto (que visa futuros significativos). No entanto, ela deve estar centrada na experiência dos alunos e de todos os que participam da vida da Universidade. Esta cultura é que vai perenizar valores que acreditamos.
    3ª) A lógica de convergência de iniciativas e da gestão participativa. Sempre aprendi que “sozinhos podemos ir mais rápido, mas juntos, vamos mais longe”. É verdade, mas creio que tendo um norte mais claro, podemos inclusive caminhar juntos e com mais rapidez.