Departamento de Ciências Sociais promove fórum com enfoque em lutas sociais
Por: Julia Sabino e Mauro Machado
20 de março de 2023 as 06:30
Professora Angela Paiva: pesquisa de campo com profunda ligação com os movimentos sociais
Coordenado pela professora Angela Paiva, do Departamento de Ciências Sociais da PUC-Rio, e pela professora Taísa Sanches, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano da UFRJ, o Grupo de Estudos de Direitos, Reconhecimento e Desigualdade (GEDRED) vai se reunir no dia 24 de março, às 14h, na sala 102-K, para apresentação do fórum sobre teses com temas sociais. Angela Paiva explica a proposta interdisciplinar e de extensão promovidas pelo GEDRED. Ela conta sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido nesses anos e quais são as perspectivas das exposições que serão feitas pelos autores dos estudos.
Como o GEDRED surgiu e foi idealizado?
Angela Paiva: O GEDRED, Grupo de Estudos de Direitos, Reconhecimento e Desigualdade, surgiu há dez anos, quando vi a necessidade de começar a congregar os alunos que faziam mestrado e doutorado. Contamos também com a participação do professor Fernando Cardoso Lima Neto, vice-líder do grupo, registrado no CNPQ. Temos reuniões muito boas com os alunos da pós e da graduação. Eles podem ter
acesso a debates, leituras de textos, apresentações e o que vão abordar na dissertação de
mestrado ou na tese de doutorado.
O que une todas as pesquisas apresentadas? Qual é o objetivo deste encontro do dia 24 de março?
Angela: O que une essas teses é a ligação das lutas dos movimentos sociais e de uma demanda por direitos. Pelos títulos, dá para ver a conexão entre esses temas. Eu trabalho muito com a teoria dos movimentos sociais, dos direitos humanos e do reconhecimento. É muito importante vermos quando determinado grupo, que esteja subalternizado, começa a perceber a possibilidade de participação e concertação na esfera pública. Todos os alunos são meus orientandos de doutorado e defenderam as teses nos últimos quatro anos. A ideia é fazer um fórum com essas teses apresentadas e muito elogiadas, uma delas indicada ao Prêmio CAPES. O nosso objetivo é fazer com que alunos de pós de Ciências Sociais e de outros cursos, como Direito, Serviço Social e Relações Internacionais, vejam como eles construíram o argumento e quais são os pontos principais em cada uma das teses.
Existe alguma prática a partir desses estudos? Surgiu alguma lei?
Angela: Todos os trabalhos que vão ser apresentados têm forte empiria. Foram feitas análises empíricas para compreender sociologicamente as demandas por direitos. O que queremos fazer é mostrar aos pesquisados o resultado. Estamos planejando organizar um encontro com mulheres da Baixada Fluminense, por exemplo. O Departamento de Ciências Sociais tem um viés muito grande na extensão.
Quando fazemos pesquisa de campo, existe uma profunda ligação com os movimentos sociais. Estamos lidando e dialogando com eles. Quando o pesquisador vai a campo, ele faz algumas perguntas, e o campo fornece novas questões. Isto faz parte dessa pesquisa-ação. A pesquisa faz com que o pesquisador tenha outros caminhos.
Como vocês escolheram quais seriam os trabalhos que serão apresentados no encontro?
Angela: Esses pesquisadores tiveram teses com ligação forte com os eixos centrais, de construção de direitos, movimentos sociais e luta por reconhecimentos. Estávamos esperando esses temas serem abordados. Já tivemos teses falando sobre racismo e movimentos de direita e esquerda, por exemplo, mas fugiam desse eixo. Os escolhidos defenderam essas pesquisas recentemente, precisávamos de
doutores recém-aprovados.
TESES QUE SERÃO DISCUTIDAS DURANTE O ENCONTRO
. André Sobrinho (Fiocruz): Lutas por reconhecimento no campo da saúde: nada será como antes…
. Brena Almeida (PUC-Rio): Nas ruas e nos tribunais: a luta das mães e familiares de vítimas de violência estatal.
. Felipe Bellido (Educafro): Rio Negro: A geração de 1970.
. Luisa Santiago: Feminismo do chão de barro: construção cotidiana e protagonismo feminino na luta dos sem-teto.
. Taísa Sanches (UFRJ): Lutas por reconhecimento e moradia.
. Yans Dipati: Construção interseccional das condições de mulheres negras na Baixada.