Entrevista

União entre Informática e Artes & Design dá origem à oficina de game Atariando

Por: Luanna Lino

União entre Informática e Artes & Design dá origem à oficina de game Atariando

Augusto Baffa e Guilherme Xavier

O LINC-Design/NINJA, em parceria com o Departamento de Informática/ICAD, vai realizar uma oficina de criação e desenvolvimento de jogos para o Atari 2600 chamada “Atariando”, na qual 20 alunos (10 de Artes & Design e 10 de Informática) vão realizar 10 projetos funcionais em arquitetura 8 bits para um sistema compatível com o Atari VCS, lançado em 1977. Organizado pelos professores Augusto Baffa, do Departamento de Informática, e Guilherme Xavier, do Departamento de Artes & Design, o projeto tem como objetivo criar e produzir uma coleção de 10 artefatos jogáveis em experimentos interativos e audiovisuais. As obras produzidas serão validadas em equipamento eletrônico dedicado e original – o Baffatari – provendo aos estudantes experiência real de desenvolvimento de jogos eletrônicos para consoles de videogames em um equipamento construído por docente da própria universidade. Os formulários de inscrição ainda vão ser divulgados pelos departamentos, e os dez primeiros alunos que se inscreverem vão participar da criação. As inscrições vão até dia 14/07 pelo link. A oficina vai ocorrer nos dias 19 e 21 de julho.

Como vai funcionar a parceria entre os dois departamentos?

Augusto Baffa: A área de jogos de computador não é exclusivamente da computação, envolve também o design, que tem muitas disciplinas envolvendo a geração de artes para animação em jogos. Nós sempre dividimos os trabalhos na metade, cada um faz sua parte e depois juntamos tudo. Assim, os dois departamentos participam totalmente da produção dos jogos.

Guilherme Xavier: Temos alunos de design que vão se envolver só com processos de mecânicas, narrativas e estéticas, e os alunos de informática no processo tecnológico. De modo que haja a complementaridade que entendemos que é o desenvolvimento dos jogos do ponto de vista produtivo. A ideia é ter duplas de criação, um designer e um programador, de forma que eles possam se complementar em relação aos projetos.

Como o projeto pode beneficiar os alunos das diferentes áreas?

Augusto: O Atari é o que chamamos hoje de jogos Hiper Casuais, que é aquele com os quais não temos compromisso, podemos parar na fila do banco e jogar um pouquinho para passar o tempo. Esses jogos são bem simples e diretos. Então é um desafio para os alunos das duas áreas, porque precisam criar um jogo baseado em uma tecnologia antiga que precisa de um foco maior na parte mecânica mesmo. Não é necessário focar tanto na arte e no conceito.
Guilherme: Estamos lidando com alunos de programação e alunos de design. Temos, no pessoal da programação, esse entendimento de uma tecnologia que vai se tornando cada vez mais especializada. Então, entender de onde vem as raízes e, do ponto de vista dos alunos de design especialmente, pensar que tipo de tradução precisa ser feita para eu ter aquela minha ideia considerada dentro de uma tecnologia de um processo de construção tão arcaico, né? Eu acho que isso acaba dando, mais uma vez, a possibilidade de se pensar criativamente sobre outros projetos.

Quais são as expectativas para o resultado do projeto?

Augusto: Estamos pensando muito na criação de tecnologia nacional, coisa que perdemos um pouco nos últimos 20 anos. E eu desenvolvi um hardware que é compatível com Atari, o Baffatari.

Guilherme: O projeto tem por objetivo não só apresentar aos novos alunos como se deu o processo histórico de construção de jogos eletrônicos, uma vez que estamos lidando com tecnologias já antigas, mas entender como o processo restritivo pode ser importante para o desenvolvimento da criatividade. Entendemos que, quanto menos coisas se tem, mais criativos nos tornamos, quando lidamos com tecnologias mais antigas, exemplos: os jogos de Atari. Nosso objetivo é ter como resultado os jogos nacionais.